A mania das misturas
Ora, numa época em que o ser humano permite que o seu instinto consumista (sim, porque o consumismo já passou a instinto como a alimentação ou a procriação da espécie - aos poucos, seguindo a doutrina da selecção natural a que nem o sr. Darwin escapou, estamos a substituir os dentes do siso e o dedo mindinho do pé por esta inerência adaptativa) seja hipnotizado por itens híbridos liquidificados na forma de bebidas clássicas que misturam a sua originalidade com sabores tantas vezes antagónicos – a que já só falta a água gaseificada com bolhinhas de vinagre ou o vodka-gasolina –, aparece-me a surpresa com uma garrafa de coca-cola* na mão.
Não é que a marca norte-americana resolveu "adulterar" a sua bebida – uma das mais vendidas do mundo, e portanto, universalmente aceite pelas mais diversas papilas gustativas – com o sabor a ...CAFÉ?! (está aqui)
Eu posso estar mais uma vez completamente à sombra da luz da realidade, mas um dos ingredientes principais e mais marcantes deste líquido composto não é precisamente a cafeína? O que é que eles pretendem com isto? Assumir que criam dependência com recurso a esta droga? Deve ser isso. Devem ter pensado: “Já chega de nos escondermos. Vamos lá deixar de enganar esta gente e criar uma bebida com sabor a café para eles não pensarem que somos traiçoeiros, senão a Igreja ainda se lembra de dizer que beber coca-cola é um novo pecado, e já não vamos para o céu...”
Bem, depois desta pedrada na poça da originalidade - em que se adiciona algo a algo que já tinha esse algo – Eu estou mesmo a vislumbrar esta nova corrente a ultrapassar as actuais “mixórdias absurdas”, e quem sabe iremos ver em breve a nova seven up* com sabor a gasosa, gelatinas de mioleira ou preservativos com sabor a borracha.
* a coca-cola e a seven up são marcas registadas, e portanto não inventadas por mim
Bom fim-de-semana
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