O post “doseador de sabonete líquido”

É isto. A fuga do tempo leva sempre a que “alguns burros fiquem para trás” (no caso “burrices”, já que me estou a referir concretamente à manutenção deste endereço virtual), e, por isso, também Eu vou recorrer à inovadora, e ao mesmo tempo antiga, manha lusa do “embuste do doseador de sabonete líquido”, que consiste - como descrito no Wikipedia - em “adicionar água ao recipiente, quando já não resta líquido suficiente para ser chupado pelo tubinho e depositado na palma da mão pelo orifício de saída”.

Como tal, e uma vez que a água das palavras já foi adicionada e devidamente chocalhada, voltem a palma da imaginação que aqui fica um bocadinho de sabão (rosa, com cheiro activo a lavanda) para que possam lavar a imagem que mancha a vossa lembrança da minha pessoa:

BOM FIM-DE-SEMANA!


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Mais um a mandar bitaites (Eu desta vez)

Missão Impossível III – um grande filme (de acção, não vos assustai-vos)

É o filme de acção que Eu esperaria ver no ano da Graça de 2006. Um grande elenco – com excelentes actores e actrizes boas –, uma realização de desenferrujar o coração e derramar adrenalina, efeitos especiais...especias, explosões de estremecer as entranhas, luzes de todas as cores, carrões e padres (no Vaticano!).

Enfim, tudo o que um gajo gosta de ver num bom filme de acção. É de ver.


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É uma limpeza (mas de pele)

Eu nunca tive dúvidas do que vou afirmar a seguir, mas com o galgar dos dias tal certeza tem vindo a enrijecer qual pão ao sol: as mulheres são seres fantásticos e surpreendentes!

São fantásticas e surpreendentes no ser, no estar e no querer (que os outros sejam e estejam como elas). E dentro desta fantascidade e surpreendência - neologismos muito inspirados pelos meus amigos D. e T. - enquadra-se uma das características que mais as distinguem – as chamadas... Manias.

Tenho de confessar, porque tem mesmo de ser, que a mim muito me agrada e diverte observar o tipo de actividades que faz a alegria de qualquer mulher extravasar. E digo-o principalmente porque são quase sempre coisas que acumulam estas duas facetas: não ensombram os desejos masculinos (nem enquanto sujeitos nem como predicados); e são coisas que, podendo ser auto-feitas, “sabem muito melhor” feitas por outras.

Como já se tornou demasiado óbvio, escrevo evidentemente sobre as manobras de embelezamento. É assaz aprazível reparar como as senhoras tornam algo tão privado como a “manutenção pessoal” numa coisa compartilhada e divulgada, sendo até assunto de conversa entre elas, ou entre elas e o mundo. É que, se é raro ouvir um gajo queixar-se ou enaltecer a perícia do seu cabeleireiro – não referi barbeiro uma vez que, com a evolução, o Homem passou a depender cada vez mais de si para fazer o que lhe diz respeito, nomeadamente a barba, o mesmo não se passando do outro lado... -, já no feminino com certeza que todos nós, os que temos mais de treze anos (sim, Eu também sou alvo de leitores infantis, dai a preocupação em agrupar), fomos bafejados com comentários ou conversas acerca das sensações resultantes duma ida à depilação, à manicura ou à maquilhagem.

Pois é, e quando seres conformados como Eu pensavam que a abdicação delas mesmas não poderia ir mais longe, eis senão quando surge – este surge tem de ser devidamente colocado no tempo – a limpeza de pele! E para quem não sabe – o que na prática se traduz por nenhuma mulher e um ou dois homens – não estou a falar de tomar banho, principalmente porque tal mister é levado a cabo (quase?) exclusivamente na face. E não, também não estou a falar de lavar a cara. Isto é muito mais. Trata-se de... l
impar a cara, não lavar.

Pelo que ouvi dizer- e li - é algo de transcendental e complexo, só equiparável a uma bela... depilação. Os resultados ficam imediatamente à vista (sobretudo para quem foi alvo do tratamento), e a vontade de voltar é ainda mais imediata, pelo que deve ser mesmo bom, levando-me até a desconfiar que não se trata de um desencrostamento com pedra-pomes, palha-de-aço ou escova de arame.

Por tudo isto que acabei de tentar escrever a minha questão é: para quando sessões de remoção de pedacinhos-de-ranho-seco do interior do nariz; ou especialistas em tratamentos de coçar os joelhos e os cotovelos com unhas roídas? É que é mesmo realizador vê-las assim tão satisfeitas com “estas coisas”...


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À conquista da varanda

Estando todos os mares completamente desbravados, a Taprobana ultrapassada e as Tormentas dobradas, nos tempos que passam restam poucos desafios ao sempre curioso e conquistador povo luso. Como tal havia que descobrir novos espaços para extravasar o ar que nos incha o intrínseco balão da aventura. E onde encontram os actuais portugueses os novos horizontes a alcançar? Nas varandas! Nem mais nem menos, as varandas. É naquelas lajes limitadas no espaço mas ilimitadas nas potencialidades que os nossos compatriotas – e quem sabe o próprio benevolente leitor – acham os infinitos para poderem soltar as amarras das naus da criatividade doméstica.

É vê-los desesperadamente à procura da varanda num qualquer andar a comprar, como quem procura o feito que lhe permita entrar no paraíso aquando a entrevista com S. Pedro. E, depois do crédito aprovado e a mudança assegurada, toca de conquistar tão virgem e desperdiçado (no uso) cubículo, para envagelizá-lo às sagradas aptidões do arrumo e do aproveitamento espacial. Mas qual varanda aberta, qual quê? Para que se deverá respeitar os estúpidos critérios arquitectónicos, quando todos sabemos que as casas já são tão mal projectadas no espaço interior para se poder deitar espaço ao ar “livre”? Não senhores, há que marcar o território com um pelourinho pessoal, e como dá trabalho deitar paredes abaixo (não é uma questão de segurança, é só mesmo uma questão de trabalho) vamos lá a cunhar o edifício com a nossa marquisezinha. É com ela que nos podemos impor no selvagem mundo urbano, nas selvas de betão. É ali que finalmente poderemos exercitar os genes da conquista e do povoamento.

Não há cores nem materiais, cada um usa o que quer – é assim, como há seis séculos – para ordenar e mostrar a sua conquista. Depois é só povoar a nova nação “marquiseira” com os inevitáveis electrodomésticos “de lavar”; os estendais de parede e os armários “da ferramenta” e “dos sapatos”. Ah, ainda falta um ou dois vasinhos e a gaiola dos passarinhos para dar alguma “liberdade natural” ao lugar (senão corre-se o risco de ficar tudo “muito fechado”).

E assim se vão pontilhando as fachadas dos nossos edifícios, numa corrente que poderia até suscitar uma nova ciência etérea: a marquizologia. Sim, porque a marquise de cada um diz muito acerca da sua personalidade. E a ausência desta ainda diz mais. Ensaiemos:
- varanda aberta: alguém que é um conformado com o que tem, sem ambição nem espírito aventureiro, enfim, um resignado; por outro lado, pode ser também alguém que gosta de ter um bocadinho de “rua” em casa, que o permita libertar-se das más energias que se vão acumulando na clausura do lar;
- vidros foscos ou martelados: personalidade ambígua e reservada que gosta de luz mas não gosta de mostrar, indivíduo de afirmação dúbia; ou também poderá ser alguém que, respeitando o próximo (ao não mostrar a sua intimidade), gosta de ser respeitado (pelos mesmos motivos);
- estruturas em alumínio colorido: indivíduo leve e alegre;
Etc. etc. (para mais consultas de marquizologia, é enviar um mail para o endereço ao lado, juntamente com a morada para onde enviar a factura dos simbólicos honorários)
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Eu só não entendo uma coisa; ao fim de tantos anos de varandas fechadas, porque é que o crédito à habitação, ou a celebração do acto de escritura, não inclui um “kit marquise”? Isto sim, seria uma operação de marketing lógica e útil, para além de ser um exemplo de serviço público e o assumir de uma instituição cultural do nosso país e das nossas gentes.


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´tadinha da Trindade

Hoje, aqui e agora, elevo-me de onde estou para reclamar alguma justiça para a mais que esfolada Trindade.
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Mas porque cargas de H2O quando alguém “empurra” o Carmo a Trindade tem de cair também? Já não chega mandar o Carmo dali abaixo, tem também de ir a Trindade? Pois fiquem a saber - branco no preto - que Eu não concordo mesmo nada!
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(a não ser que eles seja casados em comunhão de queda ou sejam gémeos siameses, nesse caso retiro toda a minha ânsia por justiça, e curvo-me em desculpas a esse que é o par mais quedante da Língua Portuguesa – o Carmo e a Trindade)


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Pessoal

It's nothing as it seems,.. the little that he needs,. it's home
(Nothing as it seems - Pearl Jam)


Como não podia deixar de ser, nos últimos tempos – para aí nos últimos 15 anos - sempre que preciso de acabar (ou começar) uma noite a ouvir música estes senhores têm de me entrar nos ouvidos. E às vezes também me acompanham de tarde. E de manhã.
Fui-me habituando a ouvir estes sussurros gritados que parecem ter sido escritos e musicados só para me acalmarem em certas alturas, e para me ensinarem noutras. Já os ouvi centenas de vezes (para não dizer milhares, que é a realidade) e sempre, sempre que se repetem entram-me no sangue e só saem pela pele que vão arrepiando. Não sou propriamente um fã dedicado e muito menos um seguidor, sou apenas alguém que se sente agradecido e extremamente orgulhoso de ser contemporâneo destes outros alguéns que conseguem dignificar a humanidade (a deles e a nossa) com as palavras que musicam. Só isso. Alguéns que parecem entender sem conhecer. Alguéns cuja música consegue ultrapassar a mera recreação ou arte para ser algo que une quem os ouve e sente - é quase como uma obrigação, quem gosta de os ouvir identifica-se com quem os ouve; quem segue os seus versos tem afinidade com quem também os segue, mesmo ainda antes de o saber...
Foram um vício durante alguns anos, vício que ficou adormecido durante outros tantos, até que o limpar o pó aos discos - ah pois, Eu às vezes também asseio os meus disquinhos - acendeu de novo a necessidade de os escutar. E como qualquer adição, bastou os primeiros acordes das guitarras; as primeiras batidas; um rasgo da rouquidão agitada ou tranquila, para se instalar teimosamente de novo. Com a mesma fúria na vontade de repetir as mesmas músicas, os mesmos versos, os mesmos gritos sofridos, os mesmos solos de sempre. Estão aí com novo disco – o melhor dos últimos, sem dúvida – mas para mim, são os primeiros que os definem, que os trazem para junto das melhores bandas de sempre, daquelas que realmente dizem qualquer coisa com a música que fazem. Daquelas que não nos deixam indiferentes, estejamos onde estejamos sejam que horas sejam.

(escrevo isto sem qualquer pretensão à verdade absoluta, não passa da minha opinião; e escrevo-o também porque, como tudo o que escrevo aqui, me apetece; e apetece-me porque nesta noite em que se repetem vezes sem conta músicas como Black, Immortality, Yellow ledbetter, Last kiss, Wishlist, Thin air, etc. lembrei-me, também mais uma vez, que em Setembro eles estarão por cá novamente. E eu não vou...)


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Florescentes ou Fluorescentes?

Nesta época em que a peregrinação se veste e reveste com uma importância quase nacional, não Eu posso deixar de ver algo (é este o termo mais correcto) que me leva a solidarizar com o alvo de tais passos sacrificados – Ele mesmo! Então, segure-se lá bem que a explicação de tal posição solidária segue de seguida.

Como é do conhecimento de todo e qualquer cidadão português, este imperativo obrigatório que impõe o uso de coletes fluorescentes a quem se encontra apeado numa via de trânsito foi imediatamente aceite e posto em prática pela generalidade das pessoas que se vêm em tal situação. Ora, até esta semana isto alegrava-me, porque demonstra que somos um povo ordeirinho que faz questão de respeitar as doutrinas legais, principalmente as que escorrem da mãe Europa. Digo “até esta semana”, porque com o despertar oficial da “floração peregrina” reparei – porque tinha mesmo de ser – que também os peregrinos se encaixam no decreto que obriga à utilização daquelas vestes de cor berrante e reflectora. “E que mal tem isso?” será esta a expressão que o faz a si, respeitado leitor, franzir a sobrancelha neste momento. Tem mal, tem.

Se por um dos lados do assunto, é mais que aceitável que cada peregrino se equipe com a mancha “Estou aqui, não me atropelem”, por razões óbvias de segurança, se rodarmos o prisma da coisa poderemos observar algo que complicará o seu reconhecimento divino (no fundo o propósito da caminhada). O que se passa é que dantes conseguíamos identificar facilmente os peregrinos - eram aqueles que caminhavam, sós ou emparelhados, à beira da via com uma vara na mão, com um boné branco ou com um casaco atado á cintura (pelo menos uma destas “marcas” estava visível). Agora, com os coletes vestidos tudo se alterou. Sim, poderemos alegar que para além da maior visibilidade/segurança que aquilo confere aos trajados, também poderá facilitar a sua observação lá de cima por Quem os deverá ver cumprir a andança (o que deve ser agradável, uma vez que os anos nubelecem a vista e, segundo dizem, o Senhor já cá anda há muitos); contudo, como será agora possível distinguir que aquela pessoa que ali se apresenta na berma se trata de um pagador de promessas ou de alguém que ficou sem combustível uns quilómetros atrás? Ah pois, como é que é possível saber, aqui ou lá em cima, se a caminhada observada é um acto de fé ou um acto de desespero de alguém que teve um furo e não tem chave para mudar a roda, pelo que teve de partir à descoberta? Não é possível.

Proponho que se crie uma nova cor para os coletes de peregrinação, sob pena de alguns pecadores serem confundidos com peregrinos, e daí poderem obter benefícios enviesados. É o que Eu proponho antes de desejar um bom fim-de-semana.

Bom fim-de-semana.


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Uma solução para a problemática aflorada no texto de anterior (ou o título mais comprido que apareceu por este endereço)

Tal como prometido no termo do texto que antecede este que agora está a ser lido, aqui me encontro para apresentar uma solução para a resolução desse que é uma das piores deformações comportamentais de alguns que enformam a estatística do importantíssimo grupo denominado “portugueses de meia-idade” – para quem não se lembra, foco precisamente a temática do urinanço nas bermas das estradas rurais em plena luz solar e ao alcance visual de quem quer e não quer ver.

Bem, não é bem uma solução, é mais uma sugestão, porque Eu nem o nível mais fácil de um sudoku com 4 quadrados consigo resolver... mas adiante.

O que Eu sugiro que deveria ser levado a cabo pelas entidades competentes, ou pelas mesmas incompetentes, seria uma medida simples mas de inegável eficiência na irradicação dos mijadores furtivo-exibicionistas: manter em circulação pelas ditas estradas rurais – com berma, importante - um médico urologista.

Ora, sabendo todos nós que uma das coisas que mais assusta o homem de meia-idade é o dedo perfurante desse especialista em busca de um toque na próstata – nem vale a pena referir por onde – e tendo também os mesmos “nós” conhecimento de que os problemas na dita glândula se começam por manifestar ao nível da alteração dos hábitos urinários, não haveria melhor justificação para que o Sr. Dr. pusesse o indicador corpo a dentro de um urinador bermático (chamemos-lhes assim).

Portanto funcionaria assim: alguém que fosse descoberto, descoberto não, detectado (porque descoberto já esse alguém está) a exercer a sua aliviação na berma seria imediatamente sujeito ao “toque rectal” - tinha de o dizer... - no mesmo sítio onde se encontrava a despejar, ou seja à vista pública. E nem haveria direitos a “mas”, porque partia-se do pressuposto médico que, tratando-se de um homem adulto que não consegue aguentar a vontade e a exibe a toda a gente, então deve estar a começar a ter problemas, potencialmente detectáveis com o dedinho, pois claro.

Tenho absoluta certeza que grande parte dos senhores que actualmente deixam o pudor no carro iriam pensar duas vezes antes de abrirem a braguilha em público – grande parte, não todos, como é óbvio.

Para finalizar, devo ainda revelar que o transporte dos ditos clínicos se poderia fazer num dos carros da BT (Brigada de Trânsito) já destacados para rondas nessas vias mais “regadas”, isto não só para poupar recursos, mas também (talvez até sobretudo) como forma de entreter os soldados, muitos dos quais desejosos de fazer o teste mais que uma vez por dia por um dedo especialista...


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não, NÃO!

Eu penso - penso não, sinto – Eu sinto que a meia-idade está prestes a fazer parte da minha essência, e já lhe começo a sentir o bafo a soprar-me o desassossego...

“Mas porquê, agora, essa sentença súbita?”, interrogo Eu para poupar ao respeitável, e mais que paciente, leitor tal pergunta tão pertinente quanto preocupada. Infelizmente a resposta está desprendida pela facilidade.

O que se passa é que quando, em dias passados, Eu vislumbrava pessoas masculinas de meia idade imobilizadas na berma da estrada a urinarem, ali, à liberdade do ar, tendo como única companhia o fiel automóvel e os condutores que circulavam a testemunhar tal acção libertadora, pensava em tons de critica: “Mas o que é que levará estes seres a exporem-se e a exporem os passantes aos imperativos da sua fisiologia?”, isto sempre com um sorriso escarninho a acompanhara a inquietação. Sim, nunca percebi muito bem o que despertaria tanta necessidade de não suster a necessidade em plena via pública. Sem dúvida, tratava-se de uma das questões mais profundamente filosóficas que o fundo filantrópico do mEu cérebro ainda não tinha acamado. Portanto, abri a gaiola ao espírito científico e comecei a isolar os factores que poderiam catalizar tal comportamento, chegando às seguintes conclusões (devidamente fundamentadas, como se torna óbvio nos alicerces fundeados em tudo o que fui escrevendo anteriormente):
- não é o tipo de veículo, já que todas as tipologias automóveis - de duas e quatro rodas - liberam os seus condutores para estes libertarem a ureia;
- não é a profissão. Apesar de podermos facilmente sermos induzidos no pesado erro de considerar os camionistas e os taxistas os totalistas da mijinha furtiva, através de uma observação mais aturada – necessária a este tipo de estudo em prol da Humanidade – é fácil obter amostras heterogéneas, também apoiadas pelo ponto anterior;
- não é o bigode nem a convexidade estomacal, uma vez que é fácil observar todo o tipo de pilosidade facial (e ausência da mesma), bem como os mais diversos perímetros abdominais, naqueles que escolhem as bermas para despejarem a bexiga;
- não é a existência de bermas, porquanto também existem bermas citadinas e aí não é despejado nem um mililitro de urina á vista de todos.

Então o que sobra? Sobra precisamente o facto de tal ocorrer sempre em bermas de estradas rurais – talvez a natureza fosse o factor de inspiração – e... a idade!

Demorei ainda alguns dias a desvanecer a dúvida, confesso, talvez messes... anos! pronto, foram anos até conseguir apartar a verdadeira razão que leva um homem (português) a parar o seu veículo para, apoiando a mão livre na anca, aliviar-se da sua vontade, protegido, ou não, pela porta do veículo que por si espera zelosamente. Demorei, mas consegui! É agora, que a meia-idade se aproxima que, às minhas próprias expoensas, consegui acolher a compreensão deste fenómeno. Sim, já começo a sentir um ligeiro pesozinho na bexiga quando conduzo onde antes o fazia completamente descansado; já me deixo levar pelo pensamento pernicioso de me solidarizar com quem dantes tanto martirizava com a crítica satírica; já penso que qualquer dia poderei pensar em parar numa dessa bermas saudavelmente arejadas para abrir uma das portas do lado direito do mEu pópó e...(arrepio!).

Acho que assim fica claro que, sendo a idade que leva ao interiorizar do conceito berma-urinol, é atendível a minha angústia no sentir que um dos comportamentos que mais abomino se poderá apoderar de mim, e pior manifestar-se!

(amanhã voltarei com a solução para esta distorção comportamental masculina)


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Obviamente!

Como Eu já tinha aqui ameaçado há algum tempo, vou colocar-me de bruços sobre uma forma muito particular que o nosso conjunto de “heróis do mar” e o restante “nobre povo” que descendem desta “nação valente” - estou já a afinar o hino para o mundial que ali vem - tem de constatar coisas óbvias através de uma interpolação interrogativa (bem, para ser sincero, já não me lembro se alguma vez disse que iria dissecar este tema e muito menos se o terei feito aqui, mas para o caso isso até é pouco relevante, e este parágrafo também só serviu para gastar mais umas quantas palavras, uma vez que é assim que Eu sou recompensado – sim, é verdade, Eu recebo “à palavra”, ou porque raios achavam que vocabulizo tanto?).

Sim senhores, estamos todos incrustados num povo que consegue perguntar recorrentemente sobre algo cuja resposta lhes está previamente a intrometer-se no miolo, via olhar. E por vezes esta “arte” consegue amaneirar-se recorrendo a pequenas doses de incredibilidade – pasme-se!

Quem, mas quem, nunca foi confrontado com questões do tipo “Vai levar este verniz azul-marinho?” quando se trata do único artigo que apresentámos para repartir com a caixa registadora a superfície do balcão? (Eu! Por acaso nunca me vi em tal situação, não gosto dessa cor, não me fica bem com o tom de pele…). Ou com um céptico “Partiste o pé?” quando tal membro está envolto num trambolho de gesso? Ou ainda com o clássico “Então não comeu a salada?”, quando a mesma se encontra arrumada no mesmo canto do prato e com o mesmo ordenamento com que nos chegou? E o rol poderia continuar por aí fora, mas todos temos mais que fazer…

É verdade, pois é, gostamos de perguntar acerca de coisas que nos estão a responder por si mesmas. Eu tenho para esta minha pessoa que é uma forma de nos acharmos inteligentes, fazemos perguntas com respostas óbvias só para mostrarmos que estamos atentos e que ninguém nos engana, mesmo que não queira. É assim uma necessidade desesperante de dizer algo, mesmo que esse algo seja obviamente estulto.

Mas, para mim, é quando esta nossa característica se embrulha de carinho e se casa com um outro tique luso – o das coisinhas - que revelamos com todo o esplendor a nossa originalidade enquanto habitantes do mundo.

Senão vejamos, haverá algo mais surpreendente que alguém nos perguntar “Quer a continha é? Não quer um cafezinho? É só a continha?” quando a nossa última deixa foi “É a conta por favor” vocalizada nos segundos anteriores? Aqui, quem nos atende consegue encerrar no seu comportamento não só a dúvida perante o óbvio, como a diminuição crónica de tudo o que nos rodeia, e uma preocupação quase doentia que nos esqueçamos de nos lembrar duma coisa que já mostramos não querer (sobre esta doutrinarei noutra altura…). É lindo! É reconfortante! E, sobretudo, é português!


Já acabaram de ler o texto? Chegaram ao fimzinho? Está tudo lidinho? Então e vão-se já embora? Não querem escrever um comentáriozinho?


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