não, NÃO!

Eu penso - penso não, sinto – Eu sinto que a meia-idade está prestes a fazer parte da minha essência, e já lhe começo a sentir o bafo a soprar-me o desassossego...

“Mas porquê, agora, essa sentença súbita?”, interrogo Eu para poupar ao respeitável, e mais que paciente, leitor tal pergunta tão pertinente quanto preocupada. Infelizmente a resposta está desprendida pela facilidade.

O que se passa é que quando, em dias passados, Eu vislumbrava pessoas masculinas de meia idade imobilizadas na berma da estrada a urinarem, ali, à liberdade do ar, tendo como única companhia o fiel automóvel e os condutores que circulavam a testemunhar tal acção libertadora, pensava em tons de critica: “Mas o que é que levará estes seres a exporem-se e a exporem os passantes aos imperativos da sua fisiologia?”, isto sempre com um sorriso escarninho a acompanhara a inquietação. Sim, nunca percebi muito bem o que despertaria tanta necessidade de não suster a necessidade em plena via pública. Sem dúvida, tratava-se de uma das questões mais profundamente filosóficas que o fundo filantrópico do mEu cérebro ainda não tinha acamado. Portanto, abri a gaiola ao espírito científico e comecei a isolar os factores que poderiam catalizar tal comportamento, chegando às seguintes conclusões (devidamente fundamentadas, como se torna óbvio nos alicerces fundeados em tudo o que fui escrevendo anteriormente):
- não é o tipo de veículo, já que todas as tipologias automóveis - de duas e quatro rodas - liberam os seus condutores para estes libertarem a ureia;
- não é a profissão. Apesar de podermos facilmente sermos induzidos no pesado erro de considerar os camionistas e os taxistas os totalistas da mijinha furtiva, através de uma observação mais aturada – necessária a este tipo de estudo em prol da Humanidade – é fácil obter amostras heterogéneas, também apoiadas pelo ponto anterior;
- não é o bigode nem a convexidade estomacal, uma vez que é fácil observar todo o tipo de pilosidade facial (e ausência da mesma), bem como os mais diversos perímetros abdominais, naqueles que escolhem as bermas para despejarem a bexiga;
- não é a existência de bermas, porquanto também existem bermas citadinas e aí não é despejado nem um mililitro de urina á vista de todos.

Então o que sobra? Sobra precisamente o facto de tal ocorrer sempre em bermas de estradas rurais – talvez a natureza fosse o factor de inspiração – e... a idade!

Demorei ainda alguns dias a desvanecer a dúvida, confesso, talvez messes... anos! pronto, foram anos até conseguir apartar a verdadeira razão que leva um homem (português) a parar o seu veículo para, apoiando a mão livre na anca, aliviar-se da sua vontade, protegido, ou não, pela porta do veículo que por si espera zelosamente. Demorei, mas consegui! É agora, que a meia-idade se aproxima que, às minhas próprias expoensas, consegui acolher a compreensão deste fenómeno. Sim, já começo a sentir um ligeiro pesozinho na bexiga quando conduzo onde antes o fazia completamente descansado; já me deixo levar pelo pensamento pernicioso de me solidarizar com quem dantes tanto martirizava com a crítica satírica; já penso que qualquer dia poderei pensar em parar numa dessa bermas saudavelmente arejadas para abrir uma das portas do lado direito do mEu pópó e...(arrepio!).

Acho que assim fica claro que, sendo a idade que leva ao interiorizar do conceito berma-urinol, é atendível a minha angústia no sentir que um dos comportamentos que mais abomino se poderá apoderar de mim, e pior manifestar-se!

(amanhã voltarei com a solução para esta distorção comportamental masculina)

4 Comments:

Blogger [A] contribuiu com estas palavras sábias:

e às senhoras também acontece???é que as questão da idade deixou-me preocupada...

maio 09, 2006 12:19 da manhã  
Blogger alyia contribuiu com estas palavras sábias:

Agora imagina-te grávido e aí é que o caso complica :P

maio 09, 2006 10:06 da manhã  
Blogger C contribuiu com estas palavras sábias:

Começas a andar com um penico no carro, assim já não tens de fazer para a berma. :D

maio 09, 2006 8:55 da tarde  
Blogger antónio paiva contribuiu com estas palavras sábias:

.....ora ora, o problema está nas pessoas terem de se deslocar nas viaturas e nas estradas, se assim não fosse, já não havia o dito urinanço nas bermas.....

;)

maio 10, 2006 12:17 da tarde  

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