Vibrações íntimas

Antes de mais, quero esclarecer de forma inequívoca, para que não hajam quaisquer dúvidas (é isso que quer dizer “forma inequívoca”) que Eu não estou doente, nem nada que se pareça com essa coisa!

Para além disto, a escassez cada vez mais notória de público - e de mim - permite-me, definitivamente, escrever coisas quase tão apalermadas como a necessidade que tenho de as escrever, o que nos traz precisamente ao trémulo tema de hoje: a vibração ao serviço dos cuidados pessoais. Mais cedo ou mais tarde alguém tinha de o assumir, porque não Eu? Porque não hoje?

Pois é, depois dos famosos massajadores faciais (injustamente apregoados e simplificados como «vibradores», já que aquilo faz muito mais que vibrar - massaja a cara!) os preocupados designers da nossa higiene pessoal resolveram, nos últimos tempos, aplicar de novo, e em abundância, a tecnologia vibratória aos engenhos disponíveis para efectivar essa árdua e irritante tarefa que é cuidarmos do corpinho que nos encerra. Desta forma tremelicante, segundo eles, a eficiência de cada um destes equipamentos aumenta até níveis nunca vistos (argumento que, aliás, já tinha sido usado para promover os tais massajadores faciais, que antes de vibrarem ninguém lhes pegava). Vai daí, toca de dar aos tempos modernos escovas dos dentes oscilantes
, lâminas de barbear pulsantes e até escovas para o cabelo cujo movimento vibratório as torna anti-piolhos (como se os piolhos também não fossem criaturas de Deus que merecem o seu lugar na cabeça de todos e cada um de nós). Enfim, a panóplia de objectos pessoais vibrantes que hodiernamente se nos aparecem no chamado mercado global alastra de forma, digamos, fremente.

E onde é que esta aturada pesquisa científica me deixou? Justamente na necessidade que tenho de ser solidário para com todos aqueles que pensam no conforto de quem tem por hábito cuidar de si próprio. Eu sei que pode até parecer estranho aos olhos de quem está a ler, mas a vontade de ajudar estas pessoas existe em mim desde que acordo, e às vezes a dormir (se existisse algo parecido com um “canil para designers de objectos para uso pessoal”, Eu já lá tinha ido apadrinhar um).

Então, aqui ficam as sugestões para os dois objectos que, pelas minhas contas, ainda faltam vibrar:

Cotonetes – o produto chamar-se-á «CotoneTRRRRR», será constituído por um pauzinho (termo técnico) motorizado que possibilitará às almofadinhas de algodão (novo termo técnico) tremerem, removendo a cera sem a necessidade de movimentos extra por parte do utilizador. Slogan: “CotoneTRRRRR - a cera sai a tremer

Pensos higiénicos – (e aqui reside uma das maiores ajudas que já dei a alguém, individual ou corporativo) o produto será ambivalente aos dois sexos - cá está a grande inovação – e chamar-se-á «Vibraclean». No interior de cada uma destas pequenas maravilhas, para além das fibras absorventes de última geração, existirá um micro-propulsor, alimentado pelo calor humano, conjunto que será revestido por uma película suavemente rugosa, que lhe conferirá uma textura a um tempo áspera e agradável. Solgan: “Vibraclean - mais que higiene para ela, um prazer para ambos!

Não enunciei uma proposta para tampões porque não domino suficientemente o tema “tampões” e não gosto de falar sobre aquilo que não sei; mas se houver por aí sugestões, que não haja hesitações, juntem-se á causa.

Nota: quando disse que não estava doente, como é óbvio referia-me expressamente à parte física de mim.


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(nada disto)

...TIC(Tribunal de Instrução Criminal)...TAC(Tomografia Axial Computadorizada)...


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Os uns e o OUTRO

Neste momento toda a minha gente do Portugal inteiro, e arredores, tem conhecimento do antro de............(neste ponteado cada qual escreve o que quiser, e Eu deixo em branco porque não gosto de escrever palavras muito desagradáveis neste sítio) que é o edifício onde meteram o futebol português. E gostaria de enfatizar “neste momento” e “toda a gente”, uma vez que a parte da gente que acompanha o futebol há algum tempo já sabia de tudo isto desde meados dos anos oitenta, e a única novidade do “neste momento” é que agora os factos saíram das conversas futeboleiras para pomposas transcrições na comunicação social que lhes dão mais veracidade (???).

Bem, mas este aparte foi só introdutório e justificativo para deixar aqui a minha opinião sobre a liga futebolística deste ano. Dada a generalização dos abrangidos (associações e individualidades) nas referidas escutas, Eu acho que o campeonato da primeira liga não se devia disputar, pura e simplesmente. Até se esclarecer toda esta ............(de novo o ponteado) a competição devia ficar suspensa sob pena de quem gosta de futebol continuar a ser enxovalhado com o que dia-a-dia continua a sair nos meios noticiosos (para os clubes que quisessem continuar a competir criava-se um torneio de matraquilhos no escritório do major na Liga Portuguesa de Futebol). Claro que ao revelar isto, estou a cometer uma descomunal injustiça e desde logo uma pergunta se levanta aos mais atentos e informados: então e o Sporting Clube de Portugal, como é que ficava?

Ora, também pensei nisto, e como o SCP levita acima de todos os clubes e organismos que têm andado putrificar o futebol português – a que chamam “sistema” – havia que resguardar a sua condição imaculada e criar uma prova competitiva própria onde o SCP não se visse privado de demonstrar todos os seus princípios morais e justiça desportiva.

Assim, enquanto não houvesse disputa da primeira liga de novo, criar-se-ia uma nova prova oficial que se chamaria “Liga do Rigor e da Transparência”, como o patrocínio da Associação de Fabricantes de Paquímetros e da Associação Portuguesa dos Industriais de Sacos Plásticos Transparentes, na qual competiriam as seguintes equipas:

- SCP (à cabeça do cartaz, como não poderia deixar de ser)

- Todos os escalões jovens do SCP (porque, para além de serem do SCP, ainda são jovens o que reforça mais a sua inocência – se é que tal é possível...)

- Grupo Desportivo “Os Anjinhos” (GDA)

- “Os Inocentes” Futebol Clube (IFC)

- Sociedade Filarmónica e Recreativa dos Banhados em água Benta Logo à Nascença (SFRBABN)

- Futebol Clube dos Canonizados de Roma (FCCR)

- Ginásio Clube dos Propostos a Canonizados de Roma (GCPCR)

- Impolutos Sport Clube (ISC)

- Associação Desportiva dos Imaculados (ADI)

- Gente Séria Nacional Clube (GSNC)

- Clube Recreativo dos Puros e Íntegros (CRPI)

- Virtuosos Clube de Portugal (VCP)

- Academia Futebolística dos Inatacáveis Portugueses (AFIP)

Todos os encontros se realizariam no Estádio José Alvalade (local sagrado e único no mundo onde o público consegue ver o futebol de uma forma imparcial e justa) e não seria necessária a presença de árbitros, já que estávamos na presença de clubes e praticantes que, tal como o SCP, sabem as regras do jogo e cumprem-nas religiosa e escrupulosamente – quanto muito convidar-se-iam ex-presidentes do SCP, gente acima de qualquer suspeita, como se impõe, para dar o assobio (nada de apitos...) inicial e final de cada uma das partes do jogo.

E assim o futebol português seria uma festa sã e voltaria a ser visto como uma escolinha de virtudes e de homenzinhos bonitos, bem-comportados e sérios.

Bom fim-de-semana


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Tropeções democráticos

“A democracia é o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros
Sérgio Godinho


Estes últimos acontecimentos mundiais que nos demonstram a fragilidade e volatilidade da organização racional (?) das sociedades humanas em sistemas políticos democráticos - tumultos pró-demissionários na Hungria e cambalhotas no poder estatal da Tailândia – recordam-me um episódio passado no interior desta cápsula da sociedade mundial a que gosto de chamar “minha família”, episódio este que, assim à primeira olhadela, pode parecer não ter nada a ver com os referidos acontecimentos, e na realidade não tem mesmo (a não ser o facto de ser despoletado por esta mania estranha de querer sentar o mEu comportamento na cadeira da democracia, até na relação com os mEus próprios filhos).

Tudo se passou num almoço em que, aproveitando um silêncio que se prolongava há alguns minutos, Eu resolvi soltar a coragem que fui engolindo aos tragos e sujeitei a seguinte proposta à consideração dos miúdos num tom solene e disposto a mais explicações, como de resto a ocasião requeria:

- Então o que é que vocês acham do pai pôr um brinco?

A minha filha dispara de imediato uma gargalhada daquelas que foi buscar à caixinha onde guarda a sinceridade inocente da tenra idade – contagiando o irmão - e quando dá tréguas ao riso sai-se com esta:

- diz lá outra palhaçada, pai
- palhaçada? Qual palhaçada?
- dessas...
- dessas? De quais?
- tipo dessas, do brinco...

Escusado será dizer que o assunto ficou por ali, já que não estava criado o ambiente para uma discussão séria e democrática, e muito menos para explicações suplementares.

E assim, com episódios como este, interiorizo cada vez mais fundo que, por vezes e repito “por vezes”, não há nada como calçar a democracia com luva de ferro para evitar dissabores na apreciação de questões que à partida não deveriam estar sujeitas à participação activa de todos, mas que as regras do jogo democrático assim o obrigam (e não me quero alongar mais que isto já está a fugir do âmbito do que se costuma ler aqui e muito menos revelar qual foi a minha decisão depois).


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palavras para quê?

Eu até ando com alguma vontade de escrever qualquer coisa, mas os minutos não deixam que as minhas palavras se juntem para me divertir, e quando assim é, quando o tempo de umas coisas impede o tempo das outras, só resta tentar manter o humor em sentido e esperar que os sorrisos do dia consigam sobrar para aqui...

Eu até ando com a vontade, mas este tempo corre mais depressa (vou ali comprar um relógio chinês e pedir outro calendário no talho...)


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um dos momentos mais mágicos da minha vida...

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