Aí estão elas…as melgas
Quem comete o esforço mental e ocular de ler o que vou escrevendo certamente já desconfiou que Eu sou um amante da Natureza (mas não digam nada à minha cônjuge; e é mesmo da Natureza filha não é da Mãe Natureza).
Ora, é essa tara que me traz aqui mais esta vez, e agora para falar do que alguns conhecem por “melga”, mas mais comummente conhecida por Anopheles gambiae.
A melga, naquela forminha tão aparentemente sensível e delével, é na verdade um centro de maldade em si mesmo, por todas as razões que se conhecem e mais esta: pica!. Pois é, caso alguém não saiba a melga pica. E não só pica, como vai picando, para mostrar que é verdadeiramente…melga. Está-lhe no sangue; ou melhor, está no nosso sangue que depois passa a ser o dela.
Ora, é essa tara que me traz aqui mais esta vez, e agora para falar do que alguns conhecem por “melga”, mas mais comummente conhecida por Anopheles gambiae.
A melga, naquela forminha tão aparentemente sensível e delével, é na verdade um centro de maldade em si mesmo, por todas as razões que se conhecem e mais esta: pica!. Pois é, caso alguém não saiba a melga pica. E não só pica, como vai picando, para mostrar que é verdadeiramente…melga. Está-lhe no sangue; ou melhor, está no nosso sangue que depois passa a ser o dela.
E é precisamente agora no período estival (Eu sei que escrever “período” a seguir a ter escrito “sangue” pode resvalar o contexto, mas não tenho talento para mais) que a melga arregaça o bico e explora a parte inferior das cútis que vai encontrando mais desprotegidas. Pois bem, aqui fica o resultado de minutos de estudo comportamental ao serviço do melgicídio científico. São só alguns passinhos básicos e depressa passamos de melgados a mortalmente melgantes.
Passo 1 (o ataque) - se ouvir uma melga em seu redor, assuma logo que ela lhe vai picar; não pense que a melga desiste, é um animal demasiado estúpido para desistir, mesmo sabendo que a morte pode estar ali, na palma da mão (literalmente). Como tal, em vez de fugir, se esconder, ou tapar-se que nem um beduíno, faça propositadamente o contrário – exponha-se. A melga não o vai matar, e o pior que pode acontecer é ser picado uma vezinha (como Eu fui agora!);
Passo 2 (a preparação) – se já se mentalizou e tomou coragem para se dar à melga, então pode ficar descansado que não é preciso desnudar-se por completo, basta oferecer os membros em jeito de dádiva divina (claro que se quer apanhar o infernal insecto mais rapidamente poderá utilizar todo o corpo como chamariz, mas aí pode afugentar a melga ou atrair mais, depende do calor do corpo…e da luz)
Passo 3 (a estratégia) – por esta altura já a bicha viu que vai ser fácil, e provavelmente já poisou. Calma! A melga não pica assim que poisa, e este é o seu ponto fraco. Se reparar, a melga poisou, mas mantém uma postura de alerta e predisposição de fuga que se traduz num posicionamento em tensão daquelas patinhas (que, se tudo correr bem, em breve estarão esmigalhadas). Esta altura do combate é crucial - para si e para ela – tem de manter o sangue quente e a cabeça fria (metaforicamente em ordem inversa). Tem de a fazer perceber que ela se pode servir à vontade, não precisa estar naquela aflição como se alguém a fosse matar. Deixa-a relaxar como se duma amiga se tratasse, até lhe pode dizer, com um sorriso, “pica, estás em casa” elas costumam gostar. Desde que se mantenha imóvel, não demorará muito até a melga sentir que aquele território está livre de perigo, não nos esqueçamos que a melga é irracional e não pensa nem sente assim por aí além.
Passo 4 (o inicio do fim) – se realmente o seu poder de persuasão e sedução chegar para convencer um insecto, agora já a melga está relaxada e se prepara para saciar a sua sede dolorosa. É fácil de ver, ela amocha (é o termo mais correcto). Na prática isto quer dizer que se começa a abaixar para aferroar aquela palhinha biológica na nossa pele. Convém aqui referir que uma pele bastante pilosa facilita bastante a consumação da morte, isto porque nesta fase, o que a melga faz é começar a emaranhar-se nos pelos cutâneos para chegar ao verdadeiro banquete, ora, escusado será dizer que a partir daqui está definitivamente condenada, no fundo, enleia-se no próprio fim. Por isto senhoras e alguns senhores, se querem livra-se das picadelas de melga, parem já com a depilação (se preferem ser “picadas” – também por melgas – continuem a escanhoar o pernil).
Ora, a melga já relaxou e já está a esticar o ferrão (parece que estou a falar do vosso relacionamento amoroso veranista, mas não é, não se esqueçam que estamos aqui ao serviço do extermínio melgal). Pois bem, vamos ao passo final…
Passo 5 (a morte) – e chegámos à parte mais interessante. Foi para isto que esperou 63 segundos (mais coisa menos coisa) – a palmada final. É que nesta altura a melga está indefesa, só se você for uma pessoa muito lenta ou vesga é que não conseguirá acabar com aquele bocadinho de ruindade. Basta para tanto que lhe dê um aconchego com a palma da mão. A propósito disto convém informar que a melga não tem armadura, e nem sequer esqueleto, como tal não é necessário dar-lhe (e a si mesmo) um palmadão ou com as costas de uma cadeira. Basta um ligeiro toque que o paraíso a receberá na mesma. Agora, se sente a ferver em si uma raiva descomunal, afinque-lhe! E se não gostar de si ou for masoquista, então até pode esperar que ela o sugue para depois lhe dar com uma chibata de couro, aí sim, sentirá o prazer da morte mesclado com a dor. Claro que, se estiver a prestar um favor a outrem, pode completamente marimbar-se na intensidade do golpe final, mas sendo em si deve considerar.
E pronto, Eu já melguei o suficiente com este pequeno manual para mim (mas grande texto para a Humanidade), e já esborrachei três melgas entretanto. Agora resta a cada um decidir o que fazer com isto; para além de ler, porque se chegou até aqui, acho que vale mesmo a pena experimentar.
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