Os médicos são piores que as crianças

Se há coisa que me vai ficar sossegadinha na memória de mais umas - estas – férias, é um singelo acesso de sinusite que se alojou comodamente na parte mais esquerda dos ossos frontais do meu crânio.

Para quem não tem conhecimento do que se trata, posso elucidar que ter sinusite é a mesma coisa que levar com a perna de uma cama estilo Luís XV, de mogno, entre os olhos. Mas com muita força! É como nos sentiríamos depois de correr de olhos fechados direito a uma parede de betão bem sequinho. A descrição do nosso estado seria semelhante à resposta que daríamos se alguém nos perguntasse: “Como te sentes?”. Só o facto de pronunciar a palavra “sinusite” acarreta um sofrimento lancinante.

Pois bem, perante tal facto resolvi fazer aquilo que qualquer cidadão deve fazer nestes casos – tomei analgésico e fui à praia apanhar sol. Mas como aquele latejar por detrás do olho esquerdo não passava, e cada vez vinha mais abraçadinho às dores canhotas na cabeça, lá fui Eu visitar o senhor doutor. Um qualquer, que Eu não sou esquisito.

Chegando lá, e esquecendo já as horas de espera, o senhor pergunta do que me queixo – é bom perguntarem coisas, revela interesse. Eu respondo que tenho andado congestionado com ranho transbordante, mas que desde há dois dias que me tem doido o olho esquerdo e a testa por cima do mesmo (isto acompanhado com uma indicação manual da zona dolorida, tipo hospedeira).

Ora, o senhor olha para mim, e questiona se é um latejar, Eu respondo que sim, ele dirige-se a mim e, sem mais, dá-me uma pancada precisamente na zona onde Eu tinha dito há menos de um minuto que me doía e pergunta “E aqui, dói?”.

“F*#@-se! é mesmo aí que me dói, oh ca%&$+o! não ouviste o que acabei de te dizer?” pensei calma e atordoadamente antes de responder ”Pois”, depois de conseguir focalizá-lo de novo…

Como o doutor não era surdo – Eu falava bastante caladinho e ele conseguia ouvir – e como isto não é a primeira vez que acontece – já houve outras alturas em que as queixas de dores localizadas são confrontadas com o massacre manual nas zonas doridas - só me resta concluir que, tal como as crianças, os médicos gostam de mexer nos locais onde não é suposto.

Da próxima vez, chego lá,começo logo aos gritos e queixo-me histericamente. Pode ser que eles percebam que se um gajo está ali a queixar-se é porque está mesmo em sofrimento. Ou então digo que padeço de um órgão que não me doa...


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