Esses olhos…

Eu sei que não me viste. Mas fizeste-me ver quando abriste os teus olhos. Esses olhos inocentes onde, por enquanto, só se vê aquilo que eu vejo. Um olhar desconcertante que transportou tudo o que me faz para aquele momento tão nosso. Tão meu. Mais que tudo o que me mostraste, gostei de ver os teus olhos. Tão surpreendidos, tão presentes, tão puros. O esforço que fizeste para os mostrar foi quase tão grande como aquele que fiz para que as minhas lágrimas não os regassem. Os teus olhos. Espero que por esses olhos entre sempre o Amor que sinto por ti. Espero que por eles consigas sentir sempre aquilo que eu senti quando mos mostraste. Confio nesses olhos para me ensinarem tantas coisas. Preciso deles para repousar do que é supérfluo. Quero-os de cada vez que não os vir. Tenho-os sempre que fecho os meus.

Eu sei que não me viste…mas eu vi-te.

:)

do fundo de Eu

Nestes momentos ando com a vida apressada pela necessidade de despachar trabalho e para resolver uns problemas que tenho tido com o rádio do carro, tudo – os problemas no rádio do carro não! – devido à vertigem do aparecimento de mais um membro familiar que se deve juntar aos que já estão cá fora a qualquer momento. Como tal, estas coisas “virtuais” têm ficado de parte. Se, de alguma forma, tenho causado alguma “preocupação”…virtual… peço desculpa – já passei por isso e sei que incomoda - mas estas coisas para mim são assim: só vale a pena cá andar enquanto o sorriso sair porque quer e não porque nós queremos. E este, agora, saiu…

…e agradece o(s) comentário(s) que iria(m) aparecer

Coitadinhos

Tal como a necessidade de respirar algo que contenha O2 para poder sobreviver (nem que seja debaixo de água), é universalmente aceite pelos pensadores filantrópicos que a maior parte das pessoas que engrossam o número da “grande generalidade das pessoas” deturpam a voz e os gestos na presença de bebés. Na prática isto equivale a dizer que se auto-ridicularizam, aparvalhando o seu comportamento gestual e vocal, para tentar ficar tão infantis como o seu interlocutor, a ver se conseguem algum tipo de comunicação que resulte em sorriso. Ora, muito antes de conseguirem destilar o tal sorriso pueril, conseguem precipitar sorrisos em todos os adultos circundantes. Principalmente a mim.

Mas a pior fase desta desevolução confrangedora é mesmo o remate final. Normalmente, depois de muitos “bilús-bilús” e “brrrrsss”, que mais não fazem que deixar a cara dos petizes infestada de partículas de cuspo, a pessoa ergue-se da sua palermice, tenta recuperar o seu estatuto de ser racional e diz: “coitadinho, é tão giro” ou “coitadinho, é tão querido” ou “coitadinho, é tão calminho” ou “coitadinho, está a sufocar” ou…como acho que está explícito, o “coitadinho” está sempre presente independentemente da constatação seguinte. E isto, para além da quase incompreensível figura que se fez anteriormente, é uma injúria para a minúscula pessoinha que acabou de se sujeitar à visão de algo que, felizmente, só assistirá de novo quando for “um adulto na presença dum bebé” ou um dos “adultos circundantes”.

Coitadinho? Porquê!?!? A não ser pelo facto de não poder fazer mais que mostrar as goelas perante aqueles desfasamentos intelectuais, não vejo o porquê de colar tal adjectivo a um bebé. Ainda por cima é algo que denigre a qualidade humana. E passo a explicar.

Em última instância, a condição de “coitadinho” deriva da palavra primitiva “coito”. E deriva, neste caso, quer ortograficamente quer do modo de acção, já que a própria actividade “coito”, foi o que deu origem ao bebé. Como tal, estar a chamar ao bebé “coitadinho” significa das duas uma:

Ou se está a afirmar que ele é um “fodidinho”, o que é mesquinho. Está certo que a criança acabou de estar sujeita à pessoa que agora a calunia com aquele epíteto, mas se é para ofender então que digam que o bebé é “coitado”, com o consequente agravamento da condição. Acho que é melhor ser/estar “fodido” que “fodidinho”;

Ou então - pior – insinua-se que aquele bocadinho de gente, ao ser coitadinho, resultou de um acto…inho. Como alguém que foi pouco molhado fica molhadinho, também aquela criancinha terá sido o produto de um coitinho. Uma fodinha. Isto denigre.
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Portanto rogo para que, a partir deste momento façam como Eu – nunca apelidem um bebé de “coitadinho”. Podem até continuar a viajar até ao lado mais disparatado da postura humana, mas não caiam na tentação de “acoitadinhar” as criancinhas. Não é justo.


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