Lágrimas de sabedoria
Há muitos, muitos anos, era Eu uma criança, irrompi pela cozinha de surpresa, atraiçoando a solidão de minha mãe. Ouvi que ela fungava.
Acalmei a fúria infantil e aproximei-me calmamente da bancada de cozinha, onde ela, de pé, preparava aquilo que seria o jantar.
“Porque é que está a chorar, mãe?” perguntei Eu com toda a ternura das crianças
“Filho, quando fores mais velho e estiveres na cozinha, como eu estou agora, e os teus filhos fizerem essa mesma pergunta, aí perceberás...” disse ela com aquela ternura maior que a das crianças, enquanto levantava o rosto em direcção à luz do tecto.
“Está bem” respondi. Saí daqueles domínios e voltei à brincadeira, confiando, como sempre, nas palavras de minha mãe.
Hoje, passados os tais muitos, muitos anos, estava Eu na cozinha, de pé junto à bancada, e as lágrimas banhavam-me a cara. Nisto aparece a minha filha, talvez atraída pelo mesmo fungar que me fez aproximar de minha mãe naquele distante anoitecer, e sussurra-me:
“Estás a chorar porquê, pai?”, agarrando-me no braço com a ternura que as crianças já têm há muitos anos.
Lembrei-me da resposta de minha mãe e respondi “Daqui a muitos anos, quando estiveres na cozinha e a tua filha perguntar porque choras, então entenderás, filha”, ao mesmo tempo que elevava o rosto da mesma forma e tentava regar as palavras com uma meiguice parecida.
Porém, cá para dentro gritei “Deixa estar que quando começares a descascar cebolas vais logo perceber este choro, e lembrar-te-ás que já foste uma criança cuja ignorância própria da idade te levava a fazer perguntas imbecis. E nem é preciso teres filhos nem estares na cozinha de pé!”
Acalmei a fúria infantil e aproximei-me calmamente da bancada de cozinha, onde ela, de pé, preparava aquilo que seria o jantar.
“Porque é que está a chorar, mãe?” perguntei Eu com toda a ternura das crianças
“Filho, quando fores mais velho e estiveres na cozinha, como eu estou agora, e os teus filhos fizerem essa mesma pergunta, aí perceberás...” disse ela com aquela ternura maior que a das crianças, enquanto levantava o rosto em direcção à luz do tecto.
“Está bem” respondi. Saí daqueles domínios e voltei à brincadeira, confiando, como sempre, nas palavras de minha mãe.
Hoje, passados os tais muitos, muitos anos, estava Eu na cozinha, de pé junto à bancada, e as lágrimas banhavam-me a cara. Nisto aparece a minha filha, talvez atraída pelo mesmo fungar que me fez aproximar de minha mãe naquele distante anoitecer, e sussurra-me:
“Estás a chorar porquê, pai?”, agarrando-me no braço com a ternura que as crianças já têm há muitos anos.
Lembrei-me da resposta de minha mãe e respondi “Daqui a muitos anos, quando estiveres na cozinha e a tua filha perguntar porque choras, então entenderás, filha”, ao mesmo tempo que elevava o rosto da mesma forma e tentava regar as palavras com uma meiguice parecida.
Porém, cá para dentro gritei “Deixa estar que quando começares a descascar cebolas vais logo perceber este choro, e lembrar-te-ás que já foste uma criança cuja ignorância própria da idade te levava a fazer perguntas imbecis. E nem é preciso teres filhos nem estares na cozinha de pé!”
29 Comments:
Não era mais fácil responder:
"Descasca lá tu esta bosta que logo vês porque estou a chorar, pá!". Confessa, Eu, estavas a ver a Floribela às escondidas, certo? Um daqueles episódios mais lamechas. Podes confessar, estás entre amigos...
Ai que pensamento final mais agreste! Tá bem que é verdade, mas deixemos as criancinhas serem como são, porque o que nós temos é mas é inveja de já não sermos crianças e podermos fazer perguntas imbecis à vontade.
Bem, há quem as faça sem ser criança...jornalistas e semelhantes...hmmm...eu também faço...bem, acho que ainda não cresci!
rafeiro:
cão amigo, há certas coisas em q devias ser mais discreto (Eu já não tinha dito q as nossas conversas sobre a flor eram para ficar guardadinhas no segredo?)
pseudo:
Eu não tenho inveja das crianças, tenho é inveja dos adultos - parece que nunca mais lá chego a esse estágio da vida de qq pessoa humana...
(desculpa lá o q s passou no teu bló à tarde, a ver s m contenho das próximas vezes ;))
Também descascas cebolas???
A tua filhota quando souber que era por causa das cebolas que choravas...nunca mais vai querer descascar uma cebola.
Ah pois é...
Mas está um texto muito giro...
E sabes...a musica Daughter ficava aqui bem :)
claudia:
ah pois descasco! de onde achas q m saem os textos? nem mais, vejo-os escritos nas cascas de cebola
só s fosse a versão ao vivo, já agora, em q dia foste?
Não me digas nada....Até me doi o coração.
Não fui.
Andei indecisa...
Era para ir no segundo dia...mas infelizmente não tinha companhia :(
E tu?
Gostaste?
claudia:
só t digo isto:
como uma virgem de meia idade, Eu andei a guardar-m para este concerto durante anos...
;)
Pois...
Também acho que deve ter sido do melhor.
Eu nem quero pensar nisso...
As cebolas descascam-se?...
Agora percebi porque toda a gente chora... a rir, sempre que incluo cebola no repasto...
Bahhh... cebolas descascadas, onde é que já se ouviu falar numa coisa dessas?
Um abraço mEU.
Tu a chorar deve ser giríssimo. Porque não tiras umas fotos desses momentos dramáticos e pões aqui no blog? (mera curiosidade científica...:P)
claudia:
foi melhor q do melhor! Eu s fosse a ti tb não pensava mto nisso, limitava-m a chicotear-m com 75 cm de arame farpado
voyeur:
mas tu não tiras a casca às cebolas?? vai-se a ver e tb não descascas os bagos de arroz carolino... (olha, Eu aprendi a descascar cebolas há pouco tempo e não quero outra coisa, experimenta tu tb, junta-t ao imenso clube dos descascadores de cebola e verás q vais às lágrimas)
abraço tEu
inha:
sádica! onde já se viu achar "girissimo" um homem a chorar?!?! só mmo tu para expores a parte mais negra da mente humana :P
(qto às fotos, recomendo-t q leias a parte final disto antes de continuares a alimentar esperanças vãs...)
HUnpf... como se eu já não tivesse lido.
Era para me intimidar?AHAHAHAHAHAH
E já agora quero saber porque é o meu blog não consta da lista como catálogo da loja dos trezento... 8-)
inha:
tu tb lês tudo, "avozInha"
nunca intimidaria ninguém, mto menos alguém bem mais idoso q Eu
inha:
em q lista? onde? diz q é para Eu ir lá rectificar essa falha maior q a falha de santo andré
Afinal que idade tem a Inha? esta dúvida anda a remoer-me todinha por dentro!! Já nem como descansadinha, o que no meu caso, é bem pior que nem dormir!
Tu pericaso estás a chamar-me velha? 8-)
42, rapariga. Já sou cota. Mas quem dera a muita nova ser tão cota quanto eu!:D)))
Já tinha dito. Não é segredo, a minha idade.
pseudo:
não sabes q o tom não é bom qdo s pergunta a idade a uma senhora? mmo q seja a inha?
desliga lá a remoedora interna e alimenta-t descansadinha q a verdade é como o óleo de azeitona, vem sempre à tona (Eu agora até parecia o almeida coiso, caraças!) ;)
inha:
Eu? não! olha, deixaste cair a bengala...
inha:
não estejas nervosa, escreve devagar, já trocaste a ordem do 2 e do 4 (se não fosse Eu...)
eu passava-lhe logo a faca pa mão! hehe
Sei de ALGUÉM de não tarda muito vai levar umas bengaladas... 8-)
Sempre entendi a cebola como capaz de despertar em nós sentimentos profundíssimos!
marcox:
isso é q não! Eu acho q ela ainda m cortava a cebola em vez de a descascar
inha:
então avisa esse alguém, não o deixes ser agredido, coitado (Eu fazia isso e já não tinha de m preocupar mais com a boa acção de hoje)
mfc:
LOLOLOLOL e entendeste bem; no fundo, a cebola não passa de uma extenção da alma - calma se não lhe mexermos mas provocadora de choros qdo a descascamos (mas isto sou Eu a falar, não é para levar a sério)
como eu gosto das tuas alegorias...
pai/mãe
filho/filha...
Tanto assim.
________________
(e sabes, eu tb. só leio as palavras....os "bonecos" nem vejo)
:))))
____________sério A.
Beijos.
Eu, já me castiguei tanta vez...
Mas nunca com chicotes de arame farpado...não vamos exagerar ;)
mendes ferreira:
mais q alegorias, são alegrias, as minhas ;)
(Eu é ao contrário, ainda q me tente convencer q não é assim...)
claudia:
Eu não falei em chicote, muito menos no plural - q violência! - só disse "com arame farpado" mais nada
Eh eh eh
Um dia fiz isso ao meu marido, apareci ao pé dele lavada em lágrimas...
Ele ficou f**** (chateado) quando percebeu que afinal era a ... cebola!!!
inês,
as mulheres são mmo traiçoeiras! Eu já desconfiava, mas agora estou quase a ter a certeza
transmite um abraço de solidariedade ao teu marido e diz-lhe q a malta - os homens - acredita nele
:P
Na próxima pões a cebolinha de molho antes de manuseares...
a,
é bem pensado, sim senhora; mas e se forem duas? poderei Eu fazer o mesmo? ah, como vês não é assim tão simples
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