O estranho caso do ancinho verde

Para começar quero esclarecer que o que irei narrar a em seguida não é bem um “caso”, mas mais um “acontecimento”. Então, passado este esclarecimento fulcral, demos as mãozinhas à atenção e vamos lá.

Tudo se passou numa das praias da zona do Meco (não foi NESSA praia, portanto toca a vestir esse sorrisinho maroto) quando a minha filha me pediu para lavar o seu pequenino, mas enormemente estimado, ancinho verde de plástico, com que ela e o irmão vão riscando o areal inundado de água salgada mas sedento dos traços da imaginação infantil (frase estrategicamente colocada para estimular no leitor um enternecimento que o leve desde já a afeiçoar-se ao ancinho verde).
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Pediu-me ela carinhosamente para libertar o seu brinquedo preferido dos teimosos grãos de areia e respondo Eu com o gesto típico de quem se deixa levar pelos ímpetos do instinto para as brincadeiras mais aparvalhadas - é real! Eu sei que pelos textos que vou publicando pode transparecer a ideia de que sou um tipo carrancudo e demasiado sério; nada mais falso, também gosto de brincar, até com os meus filhos - vai daí, em vez de deixar uma ondinha banhar suavemente o ancinho, e devolvê-lo...não, agarro no objecto e amando-o para longe, mar adentro, berrando (é o termo) “Isto vai mas é fora!”.

Olho para a carinha dela e reparo que consegui o que queria: um misto de incredulidade e ódio pelo gesto que tinha assistido da parte daquele que deveria zelar e tudo fazer pela sua felicidade. Posto isto, ponho o sorriso mais parvo que tenho (talvez o único…) abraço-a, peço desculpa e acalmo-a, explicando que vou buscar o ancinho, enquanto lhe aponto a coisa, que agora é docemente embalado pela ondulante espuma marinha (cá está mais um imagem terna para poder cativar definitivamente o carinho do leitor pelo objecto).

Levanto-me, dirijo-me ao ancinho náufrago para o salvar, com a água pelos joelhos, e quando me viro para ela e digo “Vês? está aqui, vou apanhá-lo” passa uma onda que o submerge totalmente, e, a partir desse momento, nunca mais o vi!

Fiquei atónito. Era suposto uma de duas coisas: ou aquela porcaria ia para a frente e ficava presa na areia ou ia para trás e continuava a boiar. Mas não, desapareceu! Eu olho para ela e pergunto “Viste o que aconteceu?” e ela, já a contribuir para o aumento do volume do mar com pequenas gotas de água salgada que lhe caíam dos olhinhos “Foi uma onda que lhe passou por cima. A culpa é tua!”. O certo é que na seguinte maia hora procurei acima e abaixo de água, revolvi a areia do fundo e...nada. Nem se pode pôr a hipótese de roubo, uma vez que num raio de 30 metros não estava ninguém.

E assim desapareceu o ancinhozinho preferido. Num segundo boiava, no outro evaporava.

Agora, em vez de revolver o fundo do mar, revolvo o fundo da lógica em busca de explicações. Se estivesse no Loch Ness estava explicado, tinha sido o monstro; se a brincadeira ocorresse em Roswell, é claro que tinham sido os ET’s; se tudo se tivesse passado na Madeira, não restariam dúvidas que se tinha assistido a mais uma reinação de Alberto João; agora no Meco? Que Eu saiba não há monstros nem assombrações, portanto, por mais que remexa na razão, não faço qualquer ideia do que se possa ter passado.

Rogo daqui a alguém que já tenha passado pelo mesmo que me ilumine a escuridão da dúvida e as trevas da ignorância (e não me venham com sugestões ou teorias pintalgadas com o disparate, porque estamos perante um assunto demasiado importante para derivações superficiais, como acho que vinquei devidamente nos parágrafos anteriores).

Versos de desagravo da minha desgraça (com levíssimas influências pessoanas, para os mais incautos) :


Ó mar salgado e soberano, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal e ancinhos de poliuretano
Por te provocarmos, quantas filhas choraram,
Quantos pais em vão procuraram!
Quantos brinquedos ficaram por achar
Para que o foste levar?

Valeu a pena? Assim nada vale a pena
Que a birra não foi pequena

8 Comments:

Blogger [A] contribuiu com estas palavras sábias:

ahahahahahahahahahah......
Tu passas-te!!!!

julho 27, 2006 1:31 da tarde  
Blogger [A] contribuiu com estas palavras sábias:

não consigo parar de rir, pá!!!
Eu de um lado,
X do outro...não há quem aguente...

http://xversusmoustache.blogspot.com/

julho 27, 2006 1:37 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

E olha que eu conheço os sofrimentos dessa (LINDA) menina...nunca mais vou esquecer a carinha dela, quando (por tua causa também....) perdeu o seu gorrinho colorido com trancinhas de lã...

julho 27, 2006 6:02 da tarde  
Blogger [A] contribuiu com estas palavras sábias:

também um gorrinho colorido com trancinhas de lã???!!!
não será melhor chamar os serviços sociais???

julho 28, 2006 12:22 da manhã  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

ana: quem se passou foi o ancinho; e para lá de rir que isso fa mal ao estômago (qto ao resto, não acredites em tudo o q lês - já ouviste falar em boatos?)

luisa: poderia ser uma explicação, mas o ancinho era daqueles com o cabo aberto em meia-cana e fartei-me de revolver o fundo no sítio onde ele desapareceu (imediatamente a seguir ao desaparecimento), portanto não deve ter sido por aí...

miss.isaurinha: olha q não m recordo do gorro ter desaparecido por minha culpa (acho q t vou processar por difamação)

julho 28, 2006 11:31 da manhã  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

A menina perdeu o Gorrinho colorido com trancinhas de lã, por sua culpa SIM SENHOR.....porque VOCÊ esta atrasado...e arrastou a pobre criança pela superficie comercial....afinal o Tarzan e a Minnie estavam à espera.

A Menina deve ter deixado cair o gorrinho colorido com trancinhas de lã, mas como o pai ESTAVA ATRASADO, não teve tempo de voltar atras para apanhar....

julho 28, 2006 3:47 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

miss.isaurinha:

o Q?????

tu acusas-me com um conclundente "...deve ter deixado..." mas q raio de cidadã és tu?!?! não sabes que isso é crime? acusar de coisas q não se podem provar? estou desolado com a humanidade, é assim q s esculpem boatos na pedra mais negra e infame...

julho 28, 2006 4:54 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Foi castigo LOL
Da proxima vez lembra-te do ancinho....

julho 29, 2006 12:15 da manhã  

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