Nó na garganta
Por solidarização autorial, Eu fui intimado a levar este mEu corpo a uma cerimónia de inauguração com honras ministriais. Não quero estar para aqui a mostrar nomes - não quero envergonhar ninguém - mas desde o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, ao Ministro de Estado e da Administração Interna, a secretários deste mesmo estado, a representantes da Comunidade Europeia e respectivas entidades subsidiárias, até vários extractos de autarcas, vereadores, opositores, presidentes de ONGs, a D. Maria Barroso e Eu, estava lá todo o tipo de gente que se ocupa com estas solenicisses.
Chego lá - tinha de ser, para lá estar houve a necessidade de “chegar” antes de poder “estar” - e noto algo verdadeiramente espantoso: ninguém me conhecia. Nem sequer a malta da política, a quem Eu pago parte do ordenado. Para além deste facto, muito inesperado para a minha pessoa, confesso, outra coisa alojou-se-me na memória antes de pestanejar: todos os homens tinham gravata. E algumas mulheres também.
“Tu queres ver que eles não sabiam que Eu também vinha?” Pensei cá dentro, enquanto acostumava o sorriso à cara.
É então que o tal Alto Comissário se aproxima timidamente, e num tom despropositadamente embaraçado, pede desculpa em nome de todos os engravatados, alegando que se os tivessem informado que o protocolo envolvia a minha presença, tinham optado por um aspecto de cariz mais informal - tanta coisa para dizer que se soubessem que Eu ia tinham vindo mais à vontade, mas a malta da política e mesmo assim, auferem consoante as palavras que lhes saem da boquinha.
Dei-lhe uma forte palmada na omoplata esquerda, como se o homem tivesse acabado de elogiar a minha escrita, e explico-lhe para não se preocupar, que isso da obrigatoriedade da gravata para parecer alguém sério já não se usa. Estamos na muy civilizada Europa. Cada um deve ser levado em conta pelo que é e não pelo que mostra. E ainda tive quase para lhe dizer qualquer coisa como “o hábito não faz o monge” ou que “quem vê caras não vê corações”, mas refreei a tempo esta minha apetência para a filosofia poval. Até porque, por essa altura, Sua Excelência já se tinha ausentado a esfregar as mãos de satisfeito que estava perante a minha suprema compreensão e demasiada sabedoria. Ora, como não gosto de falar sozinho quando estão outras pessoas ao pé, calei-me.
A cerimónia lá continuou. E Eu também.
(parte desta história e fictícia, mas Eu não vou dizer que parte é para não estragar alguma moral ou interesse que possa existir por entre as palavras)
Chego lá - tinha de ser, para lá estar houve a necessidade de “chegar” antes de poder “estar” - e noto algo verdadeiramente espantoso: ninguém me conhecia. Nem sequer a malta da política, a quem Eu pago parte do ordenado. Para além deste facto, muito inesperado para a minha pessoa, confesso, outra coisa alojou-se-me na memória antes de pestanejar: todos os homens tinham gravata. E algumas mulheres também.
“Tu queres ver que eles não sabiam que Eu também vinha?” Pensei cá dentro, enquanto acostumava o sorriso à cara.
É então que o tal Alto Comissário se aproxima timidamente, e num tom despropositadamente embaraçado, pede desculpa em nome de todos os engravatados, alegando que se os tivessem informado que o protocolo envolvia a minha presença, tinham optado por um aspecto de cariz mais informal - tanta coisa para dizer que se soubessem que Eu ia tinham vindo mais à vontade, mas a malta da política e mesmo assim, auferem consoante as palavras que lhes saem da boquinha.
Dei-lhe uma forte palmada na omoplata esquerda, como se o homem tivesse acabado de elogiar a minha escrita, e explico-lhe para não se preocupar, que isso da obrigatoriedade da gravata para parecer alguém sério já não se usa. Estamos na muy civilizada Europa. Cada um deve ser levado em conta pelo que é e não pelo que mostra. E ainda tive quase para lhe dizer qualquer coisa como “o hábito não faz o monge” ou que “quem vê caras não vê corações”, mas refreei a tempo esta minha apetência para a filosofia poval. Até porque, por essa altura, Sua Excelência já se tinha ausentado a esfregar as mãos de satisfeito que estava perante a minha suprema compreensão e demasiada sabedoria. Ora, como não gosto de falar sozinho quando estão outras pessoas ao pé, calei-me.
A cerimónia lá continuou. E Eu também.
(parte desta história e fictícia, mas Eu não vou dizer que parte é para não estragar alguma moral ou interesse que possa existir por entre as palavras)
13 Comments:
Jove, lamento a minha ausência. Sabes, costumo deambular pelos blogs que tenho linkados, o teu está nos favoritos do PC lá de casa, cujo acesso à internet a ONI se encarregou de fecundar, malditos sejam. Vim aqui parar novamente sem querer, tentando recuperar o tempo perdido. O que é que eu perdi, o que é que eu perdi?!?
rafeiro:
a tua ausÊncia?!?! desde que apareceste, essa tua baba está sempre presente no mEu espírito blogueiro
não perdeste nada com a tua ausência, antes pelo contrário, só ganhaste...
..................
tens de chamar essa cambada ao gabinete
não podes tolerar que eles não conheçam
quem lhes paga
..................
;)
Abraço e bom feriado
Depois desse comentário, acho que estamos prontos para dar o próximo passo...
Tu, aceitas linkar comigo?
Eu aceitar, até aceito, tenho é de ficar por cima, pode ser?
Eu(?) no teu lugar exigia uma conferência de imprensa! Esses subalternos...tss...tss
chuva:
Eu não tolero é q eles não me conheçam, ponto final, o resto são balelas
inha:
Eu agora não tenho tempo, mas quem sabe? se arranjar alguém para me segurar no microfone talvez opte por essa via...
Ficar por cima está fora de questão, que eu tenho um problema nas costas e não posso levar com pesos...
rafeiro:
qué lá isso, cheiroso!?!?! Eu estava a falar da posição do link (se o mEu começa por C e o teu por R, Eu fico por cima, ou não é?)
em q estavas a pensar?!?!
às vezes tb sofro das costas, deve ser moléstia de 1972...
Ok, ok, pronto, vou linkar-te, não se fala mais disso!
rafeiro:
tb hás-de cá aparecer (Eu vou meter uma cunha...)
(adoro-te)
_______________:))))).
Enviar um comentário
<< Home