...são crianças, não são periquitos

Ainda amolecido pelo texto anterior que o Macaco Adriano me emprestou – continuo a não ser capaz de dizer isto sem que as lágrimas me traiam a vista – vou aproveitar para falar de outros animais queriduchos e fofinhos.

Os portugueses (não é destes, que estes são animais mas não são queriduchos e muito menos fofinhos) distinguem-se do resto da espécie por as suas características psico-sócio-motoro-comportamentais. É um dado adquirido que ninguém poderá por em causa, mais que não fosse, pela panóplia de escritos cientificalóides e anedotas que já se produziram sobre esta gente sui geniris. E Eu venho adensar este dogma com mais um dado relevante: o nosso povo tem um gene próprio da língua e da nacionalidade – o chamado Gene de Noé (chamado por mim, que ainda ninguém o tinha estudado o suficiente para lhe chamar o que fosse).

Estou convencido que esta característica genética existe em todos nós apesar de estar adormecida em muitos, porém, a generalização da sua exposição em todos os pontos cardeais da nação, e no fundo em todo o mundo onde nos encontramos, bem como a transversalidade etária com que se manifesta, supera em larga escala os compatriotas com esta porção do genoma “dormente”, nos quais Eu me incluo assumidamente.

O agora identificado gene, na sua forma mais comum – a activa –, transforma o seu possessor em alguém que é obstinado pelo emparelhamento dos seres (daí a justificação do nome – Gene de Noé) levando esta mania ao limite quando fala de crianças (também ainda não é esta a referência do primeiro parágrafo, que estes são queriduchos e fofinhos, mas não são animais).
E como podemos comprovar se estamos perante um “Noerento” (nome que resolvi dar à pessoa com o gene activo)? O mais fácil é numa normal conversa sobre filhos, exemplo:
...
- ah tem dois filhos... um casalinho, não? (dito com um brilho no olhar iluminado por um sorriso de esperança quase trascendental)
- sim...
- que giro! (rasga-se o sorriso, e vê-se que não salta por pura vergonha, porque todo o corpo espasma)
...
.
Nitidamente este terá sido o pensamento do sr. Noé enquanto andava à procura de animaizinhos para atafulhar na arca, e via dois: “É um casalinho, que giro!” (comprovação da lógica do nome, para quem tinha dúvidas).

Ora, como Eu sou um dos que tenho assistido a este desvario várias vezes da parte de fora (não o tenho activo – o gene – como já disse) penso sempre da mesma maneira, às vezes em voz alta infelizmente “Um casalinho? Que giro? Oh meu amigo estamos a falar dos mEus filhos, não de periquitos (é esta a referência do primeiro parágrafo, é esta!) não os quero para acasalarem nem tão pouco para procriar, preciso deles para os amar e ver crescer, mas que observação é essa?”.

É aqui que a preversidade do gene se revela em força, mostrando um olhar de estranheza e um “Ah pois...mas assim já tem um de cada”. “Um de cada”!?, “um de cada”!!??; poderiam retrair-se, mas não, insistem, levando-me a rematar com um original “ É preciso é que tenham saúde”. A isto respondem sempre com um quase desiludido “Claro”, muitas das vezes ainda reforçado com um insistente “Mas é um rapaz e uma rapariga, já está despachado” que os leva à fase e à face inicial. A eles, porque Eu já não dou troco, isto já está tão enraizado, é tão automático, que já sei o que espero e até aonde.

Posto isto, e uma vez que tenho mais coisas para escrever mas não posso, que o mEu “casalinho” já chegou, quero alertar para duas situações:

1. Se algum periquito está a ler isto, espero que não se sinta pelo facto de Eu escrever e dizer “São crianças, não são periquitos” que isto não tem nada de depreciativo nem é uma “caricatura”, é apenas uma comparação, só.

2. Se não leram o texto do Macaco, façam-no já aqui em baixo, que é a oportunidade de lerem qualquer coisa como deve ser até à próxima quarta-feira

6 Comments:

Blogger antónio paiva contribuiu com estas palavras sábias:

.....caro confrade, genial, de facto esse gene é irritante, embora o meu companheiro eu até simpatizamos,os com os perquitos, mas de quem gostamos mesmo, é de crianças.....
Abraço

fevereiro 23, 2006 7:39 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Tu,
Sabes uma coisa...Gosto do teu sentido de humor...da maneira como expões as coisas...ehehehehe
Quanto as crianças...eu ainda sou uma.lol
Mais um beijo para retribuires lol.

fevereiro 23, 2006 7:57 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Quase dá para ver daqui o brilho dos teus olhitos cada vez que escreves "mEus filhos" e esse é o brilho que se devia ver sempre em todos os que têm o "casalinho de periquitos" ou apenas um "periquito"

fevereiro 23, 2006 8:58 da tarde  
Blogger Carlos Estroia contribuiu com estas palavras sábias:

Tenho um casalinho, não de periquitos mas de canários.

Boas para os teus filhotes
Abraços

fevereiro 24, 2006 12:50 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira contribuiu com estas palavras sábias:

as crianças são pássaros ....e tu um dos que sopram alto para o alto....

digo eu, enfim....
beijo de bom dia.

fevereiro 24, 2006 10:40 da manhã  
Blogger Mac Adame contribuiu com estas palavras sábias:

Só não sei por que remetes para o texto de baixo, que este até está bem melhor. Escreve mais um amanhã, para ficares com um casalinho de textos bons.

fevereiro 24, 2006 10:12 da tarde  

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