Que (grande) porcaria

Antes de mais, o (grande) refere-se unicamente ao tamanho do texto, não tem nada a ver com o conteúdo – não estou aqui para enganar ninguém, desistam enquanto podem. Para quem teima em continuar, o texto começa já a seguir, no primeiro parágrafo como de costume

Sempre que saio da paisagem e vou dormir a Portugal (entenda-se saio de Portugal e durmo em Lisboa) Eu instalo-me num número de uma dada rua ali no centro dessa magnifica metrópole. É uma rua pacata, sossegada e familiar até.
E o que me trouxe hoje até vós é que ultimamente - acho que esta observação coincide com o desenrolar das últimas eleições autárquicas – denoto uma grave perturbação ao normal desenvolvimento da vida social daquela micro-comunidade e dos que por ali gravitam ocasional, periódica e habitualmente.
Não, não estou a apontar para o estacionamento furtivo, que isso ali é um chão que agora está a dar uvas para os homenzinhos verdes desse planeta estranho, amistoso ou nem por isso (ainda está por provar), o EMEL - também no resto da cidade já não é um problema, é uma imagem, não de marca mas que marca (marca as canelas daqueles que estupidamente insistem em caminhar pelos passeios). Todavia não é sobre isso que vos estou a fazer perder o tempo do vosso patrão (expressão vilmente roubada a esse vulto da sátira blogueira, o manda-chuva), apesar do centro da vossa curiosidade também ocupar os passeios. Contudo não é automóvel, ou por outra não é auto, porque móvel fica depois de se fundir com as solas dos sapatos…
Mas vamos por partes a ver se nos entendemos (vocês, porque Eu já sei o que vou escrever e como o vou fazer).
Ultimamente, tentava Eu iniciar a exposição antes de começar a divagar (ou a devagar - aí trocadilho!) como está a acontecer agora, assisto a uma mudança de hábitos que veio confundir toda a gente: os serviços camarários resolveram lavar os passeios todas as noites. Ora isto faz com que as diferentes formas de cocó caninas, no tamanho e na origem – este é o verdadeiro tema central do texto, finalmente – não existam pela manhã; dividam a ocupação com as pedras da calçada no pós-almoço; e só depois do jantar praticamente revistam toda a área pedonal. E é precisamente aqui que bate o ponto porque, se no antigamente esta última era a situação normal ao longo de todo o dia - (com licença) merda por todo o lado -, o que fazia com que os transeuntes circulassem sem a dúvida da agressão a um dos ditos montinhos - era inevitável -, agora a evolução do estigma ao longo das horas conturba a caminhada. Nunca se sabe o que, como e onde se vai encontrar. Os ditos desarranjos, digamos, que desarranjam o anterior arranjo do passo.
“Mas isso é errado?”, claro que é.
Primeiro porque, recorrendo a um conceito caro ao grande estudioso e professor de urbanismo Kevin Lynch, apaga-se uma referência da cidade – ex. ao chegar ao destino com os pés enfeitados de consistência, cor e cheiro, qualquer pessoa demonstrava que tinha passado por aquela rua, servindo até como um bom catalizador de conversa:
- iiichh, hoje vieste a pé e pela rua tal
- pois foi, e tu não lavaste os dentes, nem o teu cônjuge lavou…(
e por aí além);
Segundo e mais grave, a falta de confiança no espezinhar certo e certeiro da “pasta canina” força os pedestres a olharem constantemente para o chão, e pior, leva-os a andarem aos saltinhos em bicos de pés – o que se acentua à medida que o dia fecha - como se atravessassem um rio infestado de jacarés, quando dantes o faziam confiantes e em passos seguros, no pré e no pós esborracho. Agora, ainda para mais, fazem caretas e praguejam. Ridículos! Como se pode esquecer assim, em tão pouco tempo, a identidade duma rua.
O que é mais revoltante é que os moradores-donos não têm culpa nenhuma neste cartório; eles continuam a alimentar zelosamente os seus canídeos e a facultarem-lhes, com o mesmo zelo (ou mais ainda) o despejo nos passeios dia após dia, durante todas as horas. Como dantes.
Os limpa-município é que vieram baralhar o esquema todo, com os seus coletes reflectores e as mangueiras saneantes. Que não se acerquem responsabilidades aos residentes, hã. Nem aos donos nem aos possuídos.
Carmona, como sei que me estás a ler, vê lá se tratas disto. Não te deixes levar por tendências de asseio, pensa também nos donos e nos cães. É injusto tanto esforço (não só canino-rectal, como a subir e descer elevadores e escadas) ser lavado todos os dias por essa água contra-laxante. É que se está a lavar a cultura e os hábitos de todo um nicho lisboeta que também merece ser respeitado. Pensa lá nisso, está bem?

16 Comments:

Blogger Freddy contribuiu com estas palavras sábias:

Mas supostamente dá sorte calcar isso... Dass, ainda bem q n acredito na sorte e qdo piso isso digo mal da minha vida e da dos outros todos...

Porca miséria!!!

fevereiro 17, 2006 1:53 da tarde  
Blogger Carlos Estroia contribuiu com estas palavras sábias:

São passeios de m...
Na minha terrinha também temos disso, mas lá é diferente, não vão os gajos dos reflectores, ali serve para estrume, ecomo estamos longe de Lisboa, não dizemos que são pastéis de Belém, deizemos apenas que são pastéis de canelha... ( pelo menos não são de cão são de herbiboveros( cabras, burros, vacas,etc.)), sendo que também é m..., cheira menos mal, cheira à verdura um pouco deteriorada e modifica pelo organismo....(isto já vai longo)


Abraços

fevereiro 17, 2006 2:12 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira contribuiu com estas palavras sábias:

passo....lenta....lentamente....
hoje doi-me a alma...e vim aqui procurar
procurar....sei lá....
deixo um bjo. e bom fim de semana.

fevereiro 17, 2006 3:31 da tarde  
Blogger webisomem contribuiu com estas palavras sábias:

"vulto da sátira blogueira", confesso que me vieram as lágrimas aos olhos...

Consegui ler tudo, mas sempre que venho cá deparo-me com o mesmo problema. Não sei se é problema da minha visão, mas este tipo de letra com esta cor e este fundo, dão-me um nó ao cérebro.

Talvez não fosse má ideia experimentares trocar a formatação. Não sei, digo eu e diz o meu patrão. É que assim demoro mais tempo a ler, e o tempo dele é dinheiro.

fevereiro 17, 2006 3:35 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

freddy: tens razão, não dá sorte nenhuma; Eu fartei-me de calcar e não me saiu nenhum dos jackpots do euromilhões (upss, já me descaí, agora já toda a gente sabe q Eu não sou de odivelas)

carlos: Eu acho que tens aqui um belo ensaio sobre a referida, sim senhor! com indicação específica de dimensões, olfato, analogias... sim senhor!

mendes: Eu espero que tenhas encontrado algo que te alivie essa dor, senão também me começa a doer a mim

manda-chuva: (mas tu vens aqui!?!?! devias ter avisado, rapaz, que Eu já tinha posto a passadeira vermelha - mais uma)
não são lágrimas, é chuva oh deus da pluviosidade
em relação à formatação, assim sem o teu patrão dar por nada, experimenta a clicar numa coisa que está lá em cima que se chama "ESCLARECIMENTO" (pode ajudar)
o nó no cérebro, há mais gente a queixar-se (não é um problema teu, podes passar o sábado descansado), mas como não o consigo fazer através dos textos, optei por tentar faze-lo com esta artimanha ;)

fevereiro 17, 2006 4:12 da tarde  
Blogger antónio paiva contribuiu com estas palavras sábias:

.....é por essas e por outras que prfiro ficar com o Burro, cada um com a merda que tem, eu fico com a do Burro.....

fevereiro 17, 2006 4:46 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Espera deixa-me respirar... ufff já está, consegui ler até ao fim.
Só não percebi: tu afinal estás a reclamar de qual das merdas?

fevereiro 17, 2006 4:55 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Ai desculpe sr EU, eu não queria escrever merdas eu queria era escrever... hum... como se diz de outra maneira??

fevereiro 17, 2006 4:57 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

chuva: ainda bem que não tens um elefante, digo Eu

alyia: já respiraste? já? então olha, às tantas já nem sei, ou melhor, sei mas não vou explicar, que isto das explicações está pela hora da morte

alyia: escreve as merdas que quiseres, rapariga, que depois vêm os gajos das mangueiras e lavam

fevereiro 17, 2006 5:39 da tarde  
Blogger Zeca contribuiu com estas palavras sábias:

Desde muito moço
que ouço
falar sobre MERDA

Isto tudo sem saber

Pisar merda de cão dá sorte
(e se essa merda secar ainda mais sorte dá)
Levar merda de pombo é dinheiro a voar
Pisar merda de borrego
é amor por inteiro
Pisar caganitas de coelho
acidente no asfalto
Pisar merda de galinha ou galo
adeus namorada ou namorado

E assim mais um post voou sem merdelices para o...........
Espero que gostes da imagem
Fica bem

fevereiro 17, 2006 5:51 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

zeca: LOLOLOLOL, bravo! genial este comentário (ele é q deveria ser plagiado). obrigado LOLOL

fevereiro 17, 2006 6:26 da tarde  
Blogger webisomem contribuiu com estas palavras sábias:

Lido o esclarecimento:

Os textos são bons, isso são. Aliás, até tu o sabes ou já tinhas deixado de os escrever.

Não me referia à falta de imagens. Refiro-me às próprias cores da coisa. Sempre ouvi dizer que uma coisa preta e grande (pleonasmo)é difícil de aguentar.

Quanto a formatações, quem sou eu para falar? Mudei o template do bananas por tentativas, mas o template do meu blog a solo (urgencia) deixa muito a desejar.

Vá lá pá, começa por reservar uma linha entre parágrafos... não vai custar nada.

fevereiro 17, 2006 7:58 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

manda-chuva: dois comentários! assim nem vou conseguir dormir, pah
Para a festa ser completa só falta aparecer o teu parceiro (que nunca mais apreceu - Eu espero que as malícias do H1N5 não se façam sentir nos símios de inteligência suprema)

Mas passando à vaca arrefecida, vou usar uma técnica muito usada nos tribunais (se não é devia ser) que é a elucidação parágrafo por parágrafo (não é um rebatimento, ok?):

1º - são palavras tuas, que muito me alentam, Eu não te paguei para dizeres isso (mas devia)

2º - às tuas palavras "Sempre ouvi dizer que uma coisa preta e grande (pleonasmo)é difícil de aguentar"; respondo com as minhas "Segundo dizem, é mais cómodo para o olho (do leitor) se for branco no preto, e quero que se sintam confortáveis quando me visitam". Ou seja, acho que estamos à procura da mesma coisa, salvo seja, se bem te entendi. Só que Eu refiro-me às letras e tu referes-te ao fundo, e nesta Eu prefiro ter razão, se não te importas - num monitor, cansa menos ler letras brancas num fundo escuro, que o inverso (um dia ainda me explicarás o que quer dizer 'pleonasmo' e o porquê dele aparecer no teu texto, está bem?)

3º - tens aí a prova do que Eu quis dizer naquele texto (esclarecimento), ambos os exemplos que deste poderiam ter gajas e gajos nus (se calhar isto é excessivo) que mmo assim a malta ia lá ler, aos magotes - aquilo tem uma qualidade que supera qq template mais ranhoso que possa ser inventado (que não é o caso).
Neste caso, como não vem cá muita gente decidi manter o tal aspecto ranhoso, que garante que só fica mesmo quem acha que as palavras valem a pena - e acredita que os poucos que ficam são dos melhores que Eu poderia ter (como é o exemplo do destinatário das presentes elucidações)

4º era assim no início, mas como só Eu é que lia, resolvi abolir essa regra. Mas vou aceitar a tua sugestão, e retomar ao normal (Eu só quero agradar, mais nada). Quanto ao tipo e tamanho de letra, vão ficar assim mais um bocadinho, está bem? é que já estou tão habituado que ia estranhar...

olha, para finalizar quero agradecer-te do fundo do template, pela tua sinceridade e ajuda. Podes crer que veio numa altura importante para o desenvolvimento da coisa (talvez até vá fazer qq coisa para por à consideração das 7 pessoas que lêem isto, porque que, como disse antes, elas e tu merecem a minha dedicação, e Eu também)

um abraço (vamo-nos encontrando por lá todos os dias)

obrigado

fevereiro 17, 2006 11:11 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

lololol
Belo post e belos comentários.
beijo terno e eterno.

fevereiro 19, 2006 6:11 da tarde  
Blogger Mac Adame contribuiu com estas palavras sábias:

Aqui está então o parceiro do Manda-Chuva, depois de um merecido descanso sem internet, e ainda a rir às gargalhadas com aquela do "vulto da sátira blogueira". Se o gajo fosse bom não escrevia lá no tasco, pá! Deve ser tão bom quanto eu (está bem, um bocadinho melhor, concedo). Mas, na minha modesta opinião, numa coisa tem meu sócio razão: as letras brancas sobre fundo preto também me dão a volta ao cérebro. Quando passo aqui aos comentários até vejo riscas pretas sobre o fundo branco, de tão cansada que tenho a vista. Esteticamente está muito bem, mas não é fácil de ler. Claro que admito que isto não se passe com toda a gente, que sensibilidades cada um tem a sua. Mas prova-se assim que eu e o meu sócio temos a mesma sensibilidade cromática, se tal lhe posso chamar.

fevereiro 20, 2006 12:39 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira contribuiu com estas palavras sábias:

b.e.i.j.o. de bom dia. Tu.

fevereiro 20, 2006 9:37 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home