Atrasadinhos

Não é incrível que neste país não se tenha tempo para fazer as coisas no tempo necessário para as fazer?
Eu sei que estamos numa nação de gente produtiva, que tudo faz para não emperrar a máquina do desenvolvimento em que nos encaixamos, mas, caramba, dêem um tempo!
Digo isto depois de (mais) uma experiência humilhante na caixa de um hipermercado - abro parêntesis - pertencente ao grupo económico do senhor cujo nome começa por “B” e acaba em “elmiro de Azevedo” - fecho parêntesis - o qual que não posso nem devo revelar o nome (uma pista para os mais curiosos: o nome é igual à parte de Portugal que não é a Madeira nem os Açores).
Eu devia ter percebido quando um simples sorriso, na abordagem à “caixeira”, se revelou quase como uma ofensa para a dita – que olhou para mim com um olhar que gritava “despacha-te, estúpido, que há mais gente para aviar”. Bom, mas acreditando que tal reacção se devia ao cansaço (quadra natalícia; horário prolongado; montes de compras a registar, etc., etc.), continuei, com o cumprimento que me ensinaram a dar sempre que inicio a conversa com outra pessoa. Ora, o meu “bom dia” não acabou sem um “vai pagar com cartão?”, o que me deixou logo em sentido; e atrapalhado, porque ainda nem sequer tinha sacado a carteira.

Fi-lo o mais rapidamente que consegui, mas não tão rapidamente como os seres humanos que estavam atrás de mim o fariam; isto porque comecei logo a ouvir “assoprinhos”, que mais pareciam vendavais de repulsa, enquanto Eu contava o vil metal para decidir se sempre pagava com cartão ou não. A inquietação que a minha indecisão gerou fez com que desse o cartão à “menina” (o primeiro que apanhei, já não sobrava tempo para escolhas) para que ela me liberasse de vez de tal afronta – é que já ali estava há mais de 30 segundos!
Paguei, e fugi daquela situação tão embaraçosa. Onde é que já se viu demorar quase um minuto para pagar as compras? Que vergonha!

Agora, se a esta singela história, juntarmos os mesmos “assoprinhos” libertados por aqueles que aguardam atrás de nós enquanto pagamos contas no Multibanco; ou os olhares fixos e fulminantes que transparecem pelo pára-brisas dos automóveis que se nos seguem nas estações de serviço, quando saímos da caixa sem virmos a correr disparatadamente*; temos que: “Não é incrível que neste país não se tenha tempo para fazer as coisas no tempo necessário para as fazer?”
Como tal, e uma vez que já conseguiram perder um bocadinho de tempo até ler isto tudo, sinto-me fortemente impelido a escrever VAMOS LÁ A TER CALMA! QUE VIVER A CORRER SÓ APRESSARÁ A MORTE.

*como é óbvio, estes dois exemplos não passam disso mesmo: dois meros exemplos; dos quais deixei propositadamente de fora, entre outros, o mais que batido – isso mesmo, mais que batido - comportamento na estrada; ou a excessiva repetição desesperada de visitas aos nossos blogues preferidos, como se esse processo fizesse aparecer novos posts e novos comentários

2 Comments:

Blogger saltapocinhas contribuiu com estas palavras sábias:

Não fiques triste que eu consigo demorar mais tempo que tu...achar o "tal" cartão no meio do "armazém de papéis" que é a minha carteira, não é tarefa fácil! Às vezes, para não passar vergonhas, meto o cartão no bolso das calças antes de ir às compras...
Só não consegui entender onde foste tu às compras! Estou farta de dar voltinhas à mioleira e não sai nada!! (mas tenho direito a um desconto porque ando constipada e febril...)

dezembro 28, 2005 6:48 da tarde  
Blogger Mac Adame contribuiu com estas palavras sábias:

Isso das compras é em dezembro, o mês dos labregos. Faz como eu e no fim de novembro compra o suficiente até janeiro. Com os labregos todos tesos em janeiro porque gastaram dois ordenados em dezembro, vais ver como sabe bem fazer compras.

dezembro 29, 2005 7:39 da tarde  

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