(re)Vistas Masculinas - parte I

Ao fim destes anos todos a determinar comportamentos, estamos finalmente a forçar o nivelamento por iniciativa própria, para contentamento da parte do mEu cérebro que cultiva a mágoa. Sim, Eu estou a dirigir-me aos descendentes directos de Adão (mas as Evas também podem ler).
Até Eu, que sou um acérrimo e convicto defensor da igualdade entre seres humanos – independentemente do género, raça, credo, preferências sexuais, corte de cabelo e “partidância” política -, me encontro indignado com tamanho tiro no pé. Desta feita armaram-se de catapulta!
E o que me leva a respirar tal consternação? As chamadas “revistas masculinas”.
Não é um fenómeno recente, Eu sei; mas está a proliferar e a intensificar-se, e isto, meus amigos, é o princípio do fim. É um bradar voluntário aos cavaleiros do apocalipse, para que venham e incendeiem o cadafalso, em cima do qual nos temos refastelado na poltrona da supremacia natural. Até agora; porque, pelos vistos, em vez de continuarmos a estender a mão para auxiliar à subida, como sempre fizemos (alguns não, reconheço, mas esses não são para aqui chamados) desmontámos e ajoelhámo-nos para que elas nos espezinhem até ocuparem o nosso lugar na garupa da importância.
Com o tempo fomos aprendendo a conviver com a ânsia, compreensível e mais que justa, que elas tinham de se nos equivaler - demonstrada pela necessidade de usar calças; votar; fumar em público; ocupar cargos de chefia; ou de ter outra mulher – o que, de certa forma, até nos envaidecia e estimulava (principalmente o último exemplo enunciado), mas, ao que parece, isso não chegava e, num golpe de génio virado do avesso, decidimos descer uns degraus, em vez de incentivarmos a escalada para proveito da própria espécie.
E vai de copiar aquilo que mais nutria o ego feminino e, no fundo, alimentava as tão proclamadas e carpidas desigualdades: as revistas exclusivas.

(continua amanhã)