Desconceitos

Numa noite destas dou comigo a assistir à quadratura do círculo – sim, Eu assisto a programas intelectualmente elevados, fazem-me sentir assim… inteligente – e começa o Dr. Pacheco Pereira a debitar repetidamente o seguinte conceito socialo-estatístico-demográfio “o aumento da esperança de vida” para aqui; “a esperança de vida” para acolá; e Eu pensei para comigo “olha lá meu menino, se queres ver este tipo de programas tens de saber exacta e cientificamente ao que eles se referem, senão é melhor continuares a esfregar o chão”. Bem pensado, bem feito - continuei a dar uso ao esfregão.
Mas aquilo não me saía dos tímpanos - a voz daquela figura simpática e nada polémica, diga-se en passant (é verdade, também dou uns toques na língua de Jean Pierre Papin) a atirar com a “esperança de vida” para a conversa - e lá fui Eu ao caderno da segunda classe ver a definição concreta de tal conceito. E reza assim:
Numa dada população, esperança de vida ou expectativa de vida é o número médio de anos que um indivíduo pode esperar viver, se submetido, desde o nascimento, às
taxas de mortalidade observadas no momento (ano de observação)” – tem graça, que é a mesma definição que aparece aqui (cá para mim a D. Antónia colabora neste site…).
Na prática, “esperança de vida” é o número médio de anos em que uma pessoa se aguenta na superfície terrestre (isto sem os penduricalhos estatísticos).
Ora, o curioso - e irónico, até - é que em Portugal, e dadas as últimas polémicas desabrochadas por declarações ministeriais à volta das reformas (precisamente o que despoletou a citação da expressão em causa), Eu diria que a “esperança de vida” significa literalmente o contrário, ou seja, neste momento quando por cá dizemos “esperança de vida”, estamos a dizer o número médio de anos que uma pessoa terá uma vida desesperada; e o seu aumento só significa o aumento do desespero. Ou não é assim?
Mas isto há-de mudar, tenham esperança. E vida.


Bom fim de semana.

4 Comments:

Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

Pura e simplesmente porque queria ser o primeiro a escrever um comentario.

Um comentario.

Já está.

Anastercio

janeiro 13, 2006 11:20 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira contribuiu com estas palavras sábias:

hum hum...saudações nunca deseperadas....
excelente post.
abraço.

janeiro 13, 2006 1:25 da tarde  
Blogger Unknown contribuiu com estas palavras sábias:

Uma verdade indiscutivel...
Obrigada pela visita e pelo comentário! ;-)

janeiro 13, 2006 5:01 da tarde  
Blogger Mac Adame contribuiu com estas palavras sábias:

Resumindo, em Portugal o que há é desesperança de vida.

janeiro 14, 2006 2:49 da manhã  

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