Será?

Hoje Eu vou trazer para a ribalta a expressão mais irritante da Língua portuguesa - ex aequo (é latim!) com o "Os seus documentos" - o "é assim".
Esta "certeza" proliferou pelo discurso corrente de tal modo que se tornou intolerável e desrespeitosa. Intolerável pela repetição excessiva; e desrespeitosa pela ignorância do que realmente significa.
Tornou-se um vício linguístico. Muita gente chuta "é assims" para poder falar (alguns até roubam palavras para sustentar o vício, e tudo). Acham que todas as frases começam por "é assim" e uma ideia só tem audição se "for assim", mesmo se for antagónica com o "é assim" anterior.
Sabem ao que me estou referir, não é? Sabem? Está bem, mas Eu vou exemplificar à mesma.
Duas pessoas a tentarem debater um assunto, cuja importância nem sequer vem ao caso, já que estamos a falar de uma expressão tremendamente descarada, que teima em sair mesmo quando o bom senso aconselha a pensar antes de falar:
- é assim, isto é preto
- preto? mas isso é branco
- é assim, isto é branco, mas, é assim, podia ser preto
...
De certeza que já todos apanhamos com estes banhos arrepiantes de "pura convicção".
E o pior é que está para durar, visto que são as gerações mais novas que abusam de tal estup(ido)faciente oratório. Não só, mas sobretudo.
Eu não me lembro quando esta dependência surgiu, mas parece-me que dantes o verbo ser e o assim não se casavam tantas vezes como agora. Mas às tantas já nem sei. A poluição já é tanta, que enevoa a memória e ensurdece o passado...
Então, na minha opinião, É ASSIM: poucas coisas são assim; muitas podem ser assim; e quase todas nem sequer são assim. E, se pesássemos o é antes de o atirar, talvez participássemos em diálogos menos absolutistas e muito mais esclarecidos. Digo Eu.

(nem falo daqueles que iniciam as frase com um "não...", e muito menos daqueles que misturam os pós e resolvem começar cada sentença com um terminal "não, é assim...". Esses já só lá vão com uma cura de silêncio durante 4 dias úteis e uma noite sem dormir)

8 Comments:

Blogger Inha contribuiu com estas palavras sábias:

E terminar as frases com o "portanto" e o "pontos". É assim...:D:D:D

fevereiro 06, 2006 4:53 da tarde  
Blogger Inha contribuiu com estas palavras sábias:

Mas olha que ainda me irrita mais ver putos e muita gentinha adulta a escrever "pk" em vez de "porque", e outras que tais... a reduzir a linguagem à coisa mais imbecil que existe.
Eu já deixei de ler coisas com medo de desaprender...;)

fevereiro 06, 2006 4:56 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

lol

quanto ao terminar: e o clássico de cascais "...,'tá a ver?", já não há paciência!

(e fizeste tu mto(muito)bem! k (que) isto nunca se sabe qd (quando) as essas coisas s (se) pegam)

fevereiro 06, 2006 5:42 da tarde  
Anonymous Anónimo contribuiu com estas palavras sábias:

É assim (e só é assim porque é mesmo assim!):
- "visto que são as gerações mais novas que abusam de tal estup(ido)faciente oratório." lá tinha de recair o mal sobre a geração mais nova. Eu não sei bem porquê mas acho que açgumas pessoas têm uns ouvidos muito selectivos (O barrete só enfia quem quiser...)
- As expressões infelizmente são utilizadas com frequência consoante a moda, ou já não te lembras do "fixe", "meu" e outras que tais (estas sim introduzidas pela geração mais jovem, vinda não sei de onde..) ou os "efectivamente", "paulatinamente" (há uns tempos atrás numa camada mais intelectual - ou pseudo- não discuto isso)
- quanto a mim o problema está obviamente nas escolas e portanto (como sei que leste aquele meu post sobre Língua Port.) acho que tudo se resolvia acabando com as aulinhas de português :|

fevereiro 06, 2006 6:16 da tarde  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

Eu nem sei por onde hei-de começar, mas vou tentar pelo princípio:
- de facto as gerações mais novas é que vulgarizam esta expressão, quando deviam ser os primeiros a questionar se realmente “é”.
E já que me tentaste encarapuçar (ou não?), tenho ouvidos selectivos, é verdade, mas não gosto que me entre qualquer coisa pela cabeça a dentro, dizem que faz mal e que pode baralhar as ideias… ;)
- tens razão, mas o “fixe” serviu para eleger um presidente (quem não se lembra q o ser era fixe?) e o “meu” ou “man” ainda hoje Eu uso (e não poucas vezes!), mas do que tento falar aqui não é só de uma simples moda; é do que ela significa - nem tudo é assim! e muito menos todas as coisas que se pretende, hoje em dia, que sejam
- …mas estão a acabar, de fora para dentro (coitados dos profs de português, deviam ganhar a dobrar, muito trabalhinho os espera eheheh

fevereiro 06, 2006 11:36 da tarde  
Blogger paulo rico contribuiu com estas palavras sábias:

Concordo absolutamente. "É assim" é a expressão mais estúpida que existe. Reparo bastante nisso e apercebo-me que há pessoas que não sabem começar uma frase sem essa muleta. É tão natural que nem dão por ela. A mim, faz-me lembrar os Big Brother´s ou aquela gaja repugnante de um reality-show da SIC a quem chamavam furacão, não me lembro agora do seu nome.

fevereiro 07, 2006 10:21 da manhã  
Blogger Eu contribuiu com estas palavras sábias:

livra rico!
é assim, isto é suposto ser um espaço com alguma qualidade e vens tu para aqui lembrar gente como essa gisela (eh pá, disse o nome, tenho de ir ali flagelar-me com o cinto, volto já...)

fevereiro 07, 2006 10:55 da manhã  
Blogger Mac Adame contribuiu com estas palavras sábias:

Mas infelizmente o Paulo Rico tem toda a razão em lembrar essa gentinha como a tal de Gisela. São esses energúmenos que têm audiências porque o mau gosto está generalizado, é quase uma instituição, e isso influencia negativamente a utilização da língua por quem vê esses programas (ou seja, pela maioria). Muitos outros chavões poderias ter referido, como o daquelas pessoas que utilizam a palavra "tipo" em todas as frases. Porém, uma coisa não percebi no último parágrafo: o que é que queres dizer com começar a frase por um "não...". Aí não percebi o que quiseste dizer.

fevereiro 08, 2006 1:43 da manhã  

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