Ai o povo!

Que o povo é sábio já toda a gente sabe. Por isso, como é hábito, não estou a dizer novidade nenhuma. Contudo, também tem as suas parvoíces e a prova está na existência de certas expressões populares que não só são falaciosas, como ainda se revestem de um mau-gostismo latente.
Como exemplo temos a recorrente frase “Não há fome que não dê em fartura”. Nada mais falso! Porque se assim fosse as nossas feiras, mercados e exteriores de estádios estariam pejados de Etíopes a distribuir essa colesterólica guloseima, em vez de se assistir à sua venda em psicadélicas roulottes, recheadas com engorduradas famílias que nos cobram um euro por dor de barriga.
E o que dizer da expressão “Encher o olho” tão acarinhada pelos comentadores de futebol (vá-se lá a saber porquê)? Acho mal, pronto! Penso que não é de bom-tom andar para aí a apregoar “à boca cheia” (aqui está outra!) que “o jogador P (estou farto do X)” lhes “enche o olho”. Se é mesmo verdade, não espalhem, que a consciência desse facto é coisa para me fazer perder a vontade de ver o resto do jogo.
Existem outras, mas não quero estar para aqui a sujar mais esta maravilhosa língua. Não, não é a minha! Estou a falar da Língua Portuguesa.