... feita à maneira

Embalada pela precocidade (fútil) que assola o nosso país – de que são exemplos mais notórios a existência de Saldos todo o ano e o início do natal logo a partir de 1 de Novembro, que dantes era o Dia de Finados – aí está a campanha para as presidenciais (ou pré-campanha, como lhe queiram chamar, o que para mim é a mesma coisa, visto a palavra principal estar lá toda, e ainda com um “pré” a empurrar). E nada melhor que aqueles descomunais cartazes, onde são exibidas carantonhas de simpatia forjada, secundadas por parangonas desprovidas, para me fazerem olhar para o lado.

Contudo, um houve que me chamou a atenção pelo simbolismo que encerra. Não é que o candidato (Dr.?) Francisco Louçã apregoa “olhos nos olhos” e depois aparece a olhar para nós com óculos? A isto chamo eu um exemplo puro de mentira política, ou, mais tecnicamente, demagogia. Ou seja, na prática o que ali se passa é que, se o senhor estivesse na nossa presença (todos devemos interpretar os outdoor’s como mensagens presenciais dos candidatos, é por isso que eu viro a cara!), nunca seria “olhos-nos-olhos”, mas sim olhos(os nossos)-nos-óculos(do senhor)-e(só depois)-nos-olhos(do senhor). Isto se nós não tivermos, também, lunetas; porque aí, meus amigos, o caso torna-se tão grave e complexo, que nem Eu me atrevo a enunciar. Mas por outro lado, a mensagem não deixa de ser verdadeira, o que nos impede de apedrejar publicamente o autor, uma vez que as lentes são transparentes.

É a tal coisa, “sexo com preservativo não é natural mas continua a ser sexo” (achei por bem trazer este tema à liça para não tornar a minha exposição demasiado enfadonha, e, para além disso, blogue que não contenha a palavra sexo, pelo menos uma vez por mês, não é blogue nem é nada). Estamos, então, perante um caso típico de uma meia-mentira ou de uma verdade falaciosa, como lhes souber melhor, técnica basilar da política - portuguesa, reforço Eu.

Para concluir quero deixar claro que nada me move contra o candidato em questão, nem contra os outros, do qual me servi apenas para dar um exemplo inequívoco de… nem Eu sei! Antes pelo contrário, espero, e apelo, para que todos vão exercer o direito, e dever, de votar nestas eleições (e nas outras também). Mais que não seja para desenhar aquele que, sem sombra de dúvidas, ultimamente deve ser o símbolo mais visto nos boletins de escolha, após o período de escrutínio. Esse mesmo, o tal, o das “duas bossas e muito pêlo”, the one and only – o Areias. E quem não conseguir desenhar um camelo, pode desenhar outra coisa qualquer, desde que mantenha o conceito.