A blogoseita
Estes personagens encarregavam-se de verificar se os seus parceiros de ideologia política se mantinham, ou não, fiéis aos princípios da libertação do regime opressor. Para não aprofundar demais, e dando uma imagem romântica da coisa, tratava-se de camaradas que fiscalizavam o comportamento de outros camaradas, de modo a garantir a continuidade do comboio ideológico da liberdade (Eu sei que é complexo, pensar que para garantir o combate político a um regime que controlava essa mesma ideologia se utilizasse mais ou menos a mesmas armas de controlo…mas também merecemos alguma complexidade no meio de tanta simplicidade, não?). Adiante…
Tudo isto para escrever que, a propósito de mais um “ontem” e da lembrança destes tais controleiros, também Eu me sinto mais ou menos um controleiro da blogoesfera. E até desconfio que não serei o único. Na prática este sentimento traduz-se na obsessão de tentar saber ou imaginar se uma qualquer pessoa que me aparece à frente tem um blog, qual será e quem será o nick que dá alma aquela pessoa. No fundo é assim como uma espionagem do virtual no real.
Eu sei que o normal será imaginar as outras pessoas todas nuas, na casa de banho, a dormir, etc. mas Eu dá-me para isto, o que hei-de fazer? Assim que vejo uma pessoa ponho-me logo a esquiçar aquela personalidade e a forma como ela se desenharia num endereço destes. Tento até imaginar se aquele alguém que desconheço não será um de vós que conheço aqui. Por exemplo: se vejo um gajo com trejeitos efeminados penso logo “aquele podia ser o fallen angel”; se o gajo fala rápido e ri-se muito alto é um potencial rafeiro perfumado; se estou na presença de uma mulher baixinha e de voz irritante não posso deixar de sorrir e pensar na cat; se é uma quarentona encurvada de olhar cortante “lá está a irritadinha”; quando é um gajo de camisa desapertada até ao umbigo, de gel no cabelo e calças de ganga sem duvida que se trata do voyeur; se é uma rapariga da minha idade de voz baixinha e carinha laroca é a just_me; executiva de andar rápido e porte altivo só me apetece dizer “olá, Inês”; e por aí fora (todos os outros também têm uma pessoa dentro de mim, mas não me vou por aqui a abrir os biombos da minha imaginação para tudo o que é gente que Eu antevejo).
E pronto, por hoje era isto. Sei que possivelmente muita gente não tinha esta mania e vai passar a ter, mas esse é o perigo de se dar a ler textos escritos com letras brancas em fundos pretos.
Eu vejo-vos por aí (mesmo que não sejam vocês).
31 pessoas resolveram respeitar o aviso ali ao lado da seguinte forma